Morte de um Bêbado! Aline C. Costa

Morre um bêbado;
vivia cambalenado entre o real e o imaginário
ninguém sabia o que se passava em sua mente
ninguém compartilhava a sua dor,
a não ser sua musa branca, limpa e pura...
Morreu em casa;
a boca entreaberta,
olhos entreabertos,
parecia ter encontrado algo,
mas nao pode mais falar
mexer
levar a bebida aos lábios e deliciar sua escapada sutil
da realidade;
Morre um bêbado;
os moradores que o viram crescer
morreram um pouco com ele,
sua alegria,
seu carisma,
suas frases enroladas,
seus agrados
não serão mais vistos,
apenas lembrados...
Sua amiga, seu gole diário
não o acompanhará,
procurará mais um desalentado para acariciar com seu acúçar,
seu mel inebriante, que faz da realidade um conto de fadas...
Seu quarto sujo,
suas roupas amarrotadas, não servirão para mais ninguém
agora é apenas saudade,
sua risada,
seus instantes de lucidez,
foram levados pelo ceifador
Para onde?
Não sabemos...
Aquele menino negrinho,
aquela criança peralta,
se perdeu em um copo,
Morreu!!!
Apenas isso...
Eis que morre um bêbado!!!

In memorian: Saudades eternas André Pretinho.