sábado, 14 de fevereiro de 2009

Livro Marília de Dirceu - Tomás Antônio Gonzaga


Marília de Dirceu é o título da obra poética máxima de Tomás Antônio Gonzaga, integrante do Arcadismo.
Manuel Bandeira, analisando a obra-prima, registra que "nenhum poema, a não ser Os Lusíadas, tem tido tão numerosas edições". Sua importância na literatura de língua portuguesa é, portanto, basilar.
Publicado em Lisboa, em 1792, ano em que Gonzaga partira para o exílio em Moçambique, relata seu amor por uma brasileira: Maria Dorotéa Joaquina de Seixas, de quem fora noivo e termina por esquecer, casando-se em sua nova pátria africana.
Informa José Marques da Cruz, no seu "História da Literatura", que este era
"o livro de cabeceira do grande lírico português João de Deus" e que este poema são "versos amorosos, de uma ternura comovida, em descantes graciosos, à sua namorada Marília, tão cheios de sentimento que Romero diz ser ele "o mais afamado dos poetas mineiros" e Pereira da Silva "que os seus versos rivalizam com as mais belas canções de Petrarca". O que caracteriza os seus versos é a simplicidade, a espontaneidade tão natural, que parece prosa fluida e cantante."
Já José Veríssimo em "A Literatura Brasileira", ressalta a obra em seu contexto histórico:
"O Uraguai, de Basílio da Gama, o Caramuru, de Durão, os Sonetos e outras obras de Cláudio da Costa, a Marília de Dirceu, de Gonzaga, os Poemas, de Alvarenga Peixoto e de Silva Alvarenga, são sem dúvida os primores da nossa literatura colonial e contam-se ainda entre as obras-primas da nossa poesia. Estes poetas estabelecem a transição desta literatura ainda em suma portuguesa para aquela a que já podemos sem impropriedade chamar de brasileira." (grifos feitos aqui)
O historiador Pedro Calmon ressalta o aspecto árcade, bem como a visão lusitana de Gonzaga (in: História da Civilização Brasileira, 1937), asseverando que o mesmo não tinha ainda o ideal nativista que verificou-se no pós-1822/23:
"Superior às escolas, não fora destas, "Marília" é o canto pastoral em que a delicadeza do cantor vesta a túnica de Alceste e a sua candura revive Cítara.1 A despeito desse abuso da mitologia, os seus versos ganham uma popularidade que só os de Casimiro de Abreu lhe disputariam tantos anos depois, e induzem à imitação os outros poetas, até à Independência."
(Nota 1): Gonzaga, sobretudo subjetivo, não manifestou nenhuma emoção nativista na sua lira, se se excetuar a VII do livro 2º. Na XXIX concita Marília a deixar o "turvo ribeirão" em que nasceu e "as já lavradas serras" (Minas) para passar ao "claro Tejo".
Como obra anterior ao romantismo tem caracteres nitidamente árcades, embora já se vejam alguns elementos da escola futura, tais como a idealização do objeto amado. A forma é uma preocupação constante.
Estrutura: O poema é dividido em 3 partes. A primeira, com 33 "liras", com refrões guardando certa similitude entre si. A segunda, de 38 liras, possivelmente escrita na prisão, revela um teor menos referente à amada e, por fim, a terceira e última, com 9 liras e 13 sonetos.


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