terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Pequenas divagações - Aline C. Costa

Tanto já se escreveu sobre a morte, acho até que ela é a principal personagem da vida. Essa dualidade, sempre me interessou: morte/vida. Desde menina, pensei em ti, oh morte, muitas vezes te esperei na minha janela, e sonhei contigo. Sentia uma saudade dentro de mim que não sabia explicar, saudade de outro lugar, de outras pessoas, de outro tempo, e acreditava que as férias que passava na Terra, acabariam com a morte e voltaria da onde nunca deveria ter partido. Lembro-me de um sonho de infância que um elefante com asas me levava para rever velhos amigos e subíamos no infinito céu azul rodopiando, mas não pude adentrar no tão almejado lugar, fizeram-me voltar. Essa saudade rodeou toda a minha meninice, era introspectiva e perdia-me em livros e mundos imaginários. Hoje percebo que a saudade virou angústia, uma angustia constante. Apeguei-me a esse mundo e ainda sinto falta do outro que não me recordo. Apeguei-me aos medos, a sociedade, ao ser humano. Humanizei-me ao longo dos tempos e não consigo conviver com a dor puramente humana: tenho medo, medo de morrer e de ver àqueles que me acolheram, morrerem primeiro que eu.
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Um comentário:

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Seu texto é lindo, caminha dentro da gente e nos conduz ao nosso próprio meda da morte, ao medo da vida...