Quando era criança, brincávamos eu e minha mãe de escrever. Escrevíamos na sua grande maioria sobre temas abstratos como o amor, alegria, morte, vida e tudo o que remetesse à alma.
Lembrei-me disso aqui no meu recôncavo, no meu recanto quase sagrado, onde escondida de tudo e de todos posso chorar e rir sozinha com o meu eu. Não me lembrei de ter escrito sobre a dor. Não que a minha pobre mãe não tivesse um escasso dicionário para proferir sua amargura e sofrimento, mas eu ainda menina, fui poupada dessa triste escrita. Há menos de três meses sentia as dores dos outros, ficava penalizada com as dores do mundo, chorava o pranto alheio e me indignava com as injustiças sociais, muitas vezes sofrida por mim mesma, mas hoje percebo uma outra dor, a dor da perda ou ainda pior o medo da perda. Sofro por saber perder. Não sei quando, não sei onde, mas sei que a realidade é inevitável.
Lembro-me dos enterros que participei - poucos por sinal. Sempre me ocorria uma desculpa plausível para não estar presente naquele ato fúnebre, na hora exata da separação, do tapar o corpo. Recordo-me também não ter palavras para acalentar a família, não saber lidar com essa tristeza em especial, sabia apenas que ela existia e precisava ser respeitada. Nunca suportei aquele primo crente ou aquela tia fanática que em todo enterro diz ser a vontade de Deus, isso me irritava em demasiado e a vontade que eu tinha era lhes tirar um filho ou pai pela vontade de Deus e ver se o sofrimento seria amenizado com estas palavras. Sei que cada um sente a dor de um jeito, muitos choram, entram em depressão, bebem, deixam de comer, ou simplesmente a sentem sozinhos sem deixar transparecer para o mundo a dor que consome o peito.
A dor é inevitável, não conheço no mundo alguém que nunca tenha chorado, se entristecido, que não tenha sentido o peito apertar e a garganta se fechar como se algo a comprimisse impedindo a respiração. Pois bem, eis que a dor bateu em minha porta, dor essa já sabida... Ela veio ligeira, tudo aquilo que achava ser dor passou a mero cisco no olho, daqueles que fazem que duas ou três lágrimas rolem ao vento. Essa não, veio forte, firme, como um tufão que destrói e desestabiliza uma família sem nenhum sentimento de culpa ou remorsos. Eis que ela chegou, e chegou para ficar não palpou ninguém, nem o gato que sorrateiramente tentou se esquivar de sua astúcia. Eis que ela se fez presente, como se estivesse incorporada à nossa alma, como se fosse uma tatuagem chegou de forma concreta, dura, palpável e irrefutável.
Lembrei-me disso aqui no meu recôncavo, no meu recanto quase sagrado, onde escondida de tudo e de todos posso chorar e rir sozinha com o meu eu. Não me lembrei de ter escrito sobre a dor. Não que a minha pobre mãe não tivesse um escasso dicionário para proferir sua amargura e sofrimento, mas eu ainda menina, fui poupada dessa triste escrita. Há menos de três meses sentia as dores dos outros, ficava penalizada com as dores do mundo, chorava o pranto alheio e me indignava com as injustiças sociais, muitas vezes sofrida por mim mesma, mas hoje percebo uma outra dor, a dor da perda ou ainda pior o medo da perda. Sofro por saber perder. Não sei quando, não sei onde, mas sei que a realidade é inevitável.
Lembro-me dos enterros que participei - poucos por sinal. Sempre me ocorria uma desculpa plausível para não estar presente naquele ato fúnebre, na hora exata da separação, do tapar o corpo. Recordo-me também não ter palavras para acalentar a família, não saber lidar com essa tristeza em especial, sabia apenas que ela existia e precisava ser respeitada. Nunca suportei aquele primo crente ou aquela tia fanática que em todo enterro diz ser a vontade de Deus, isso me irritava em demasiado e a vontade que eu tinha era lhes tirar um filho ou pai pela vontade de Deus e ver se o sofrimento seria amenizado com estas palavras. Sei que cada um sente a dor de um jeito, muitos choram, entram em depressão, bebem, deixam de comer, ou simplesmente a sentem sozinhos sem deixar transparecer para o mundo a dor que consome o peito.
A dor é inevitável, não conheço no mundo alguém que nunca tenha chorado, se entristecido, que não tenha sentido o peito apertar e a garganta se fechar como se algo a comprimisse impedindo a respiração. Pois bem, eis que a dor bateu em minha porta, dor essa já sabida... Ela veio ligeira, tudo aquilo que achava ser dor passou a mero cisco no olho, daqueles que fazem que duas ou três lágrimas rolem ao vento. Essa não, veio forte, firme, como um tufão que destrói e desestabiliza uma família sem nenhum sentimento de culpa ou remorsos. Eis que ela chegou, e chegou para ficar não palpou ninguém, nem o gato que sorrateiramente tentou se esquivar de sua astúcia. Eis que ela se fez presente, como se estivesse incorporada à nossa alma, como se fosse uma tatuagem chegou de forma concreta, dura, palpável e irrefutável.
Um comentário:
Aline,
Qualquer palavra diante de uma dor assim perde o significado. Talvez seja uma dor parecida com algumas que já sofri por meus pais, meus irmãos, meu marido... É preciso coragem para enfrenta-la, serenidade para vive-la e tempo, para ameniza-la.
Um grande abraço.
Postar um comentário