sábado, 13 de dezembro de 2008

Nada sou, nada posso, nada sigo - Fernando Pessoa


Nada sou, nada posso, nada sigo.

Trago, por ilusão, meu ser comigo.
Não compreendo compreender, nem sei

Se hei de ser, sendo nada, o que serei.

Fora disto, que é nada, sob o azul

Do lato céu um vento vão do sul

Acorda-me e estremece no verdor.

Ter razão, ter vitória, ter amor

Murcharam na haste morta da ilusão.

Sonhar é nada e não saber é vão.

Dorme na sombra, incerto coração.

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