quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Poesia de Improviso Terceira Parte - Jussara Alves


Capitu sorriu para animar-me
Como se possível fosse então
Retirarme desse poço
De constante humilhação

Aquele meu sorriso largo
De repente em turbilhão
Abandonou-me só no barco
Do mar da inquietação

Ao léu sob o intenso sol
De um infindável verão
Queima minha pele escaldada
De tanta desilusão

E na fria noite sem fim
Do inverno em meu coração
Congela-me as esperanças
Em novos tempos que nunca virão

Procuro abrigo nos amigos
Nos desconhecidos uma mão
Em mim procuro a saída
Tento em vão a salvação

Família nada percebe ou não
Quer aconselhar ou dar sermão
Enquanto isso prossigo só
Em meio à impiedosa multidão

Amigas e amigos
Capitus do meu viver
Dentro de mim há um vácuo
Que preciso preencher

Um abraço é tudo que eu preciso
E tudo que não posso ter,
Isso que vês não são lágrimas
É a forma liquefeita do meu sofrer

Retirada da Obra de Machado de Assis "Dom Casmurro" a frase:Capitu sorriu para animar-me

Um comentário:

Aninejf disse...

Esse seu período pertubado pode te render um lindo livro de poesia, porque infelizmente só encontramos o ser poético que em nós vive, na dor e na desilusão....