segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Aguardando luz verde - Ana Santana

Se não me tivesses cortado
a palavra, António,
satisfaria esse teu
ardente desejo
e dir-te-ia do que
se vê nos meus olhos
sob um olhar turvo

só que quando o fazes, António,
está turvo o dia
e nada se pode por aqui,
esperando a vida,
melhor, espero por mim
dormindo, o milagre no chão
sonhando

não sonho já contigo
estou semeando plantas, António
espero as flores para te falar,
que com o seu desabrochar
venha a tua luz verde
para os meus olhos
venhas os teus, límpidos
e atentos, António
tua boca escutando a minha voz.

(Antologia da poesia
feminina dos PALOP)

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