domingo, 29 de março de 2009
Mulher Mãe - Rosa Guerreiro Dias

A Mar a Terra a Céu
Quem foi que te deu também
Esse ar doce que é tão teu
Menina feita Mulher
Mulher força, Mulher Mãe
Tens no colo, o que o mundo quer
A Paz que o mundo não tem
A vida anseia cair, em teus braços de ternura
És muro que não vai ruir
Nascente de amor que perdura
Amor,
Amor assim quem o tem?
Só tu Mulher
Mulher Mãe.
Mulher - Rosa Guerreiro Dias

Porque nasci mulher?
Se tu és a terra frutífera, onde a semente pode crescer.
Sem esse pouco de terra que tu és.
Como nasceriam os frutos que são a humanidade?
Sem esses braços que pensas frágeis.
Que outros iguais haveria para embalar o futuro homem?
Sem essas mãos pequenas, macias.
Que outras teríamos, para acariciar, para ajudar?
Sem esse coração, por vezes traiçoeiro e que tanto condenas.
Onde iríamos buscar, a matéria prima, que é o amor?
Onde iríamos buscar o som dessa voz meiga e doce que nos anima a continuar?
Pensa no teu valor e não te lastimes.
Porque nem eu, nem o mundo, viveríamos sem ti.
Tu foste.
Tu és.
O complemento precioso, que Deus pôs na terra.
A Mulher
1948 José ferreira Monte

(Este verso, amigos, é de António Nobre?)
dando às palavras um tom vago, pobre,
e aos gestos velados uma forma rasa!
Mas se me vê, levanta o braço em asa
e diz: «salve-o Deus, pêlos seus pecados!» Descobre
do chaile negro a outra mão e — sino que dobre! —
pede para sentar-se à lenha em brasa!
Ao quente, com os dedos enlaçados no rosário,
ora sem descanso, por este mundo, ao de lá...
(Eu continuo com Junqueiro e com Cesário...)
Os últimos sermões descreve-mos depois...
Entretanto, beija o pão e bebe o chá...
Para si, o outro e meu pai são Deus, os dois!
quinta-feira, 26 de março de 2009
O Livro - Aline C. Costa

quarta-feira, 25 de março de 2009
Livro O Auto do Frade - João Cabral de Melo Neto

Ao chegar na Praça do Forte, onde será executada a sentença de réu, o carrasco designado para matar o padre recua, temendo a ação sobre ele de alguma força superior. Então todos os carrascos se recusam a enforcar o padre, alegando que ele foi visto "voando no céu". Mesmo espancados resistem a enforcá-lo. O Oficial de Justiça oferece perdão dos crimes aos presos, comida farta, emprego, cama e mesa a quem fosse voluntário para a execução. Contudo ninguém se disponibiliza, nem mesmos os presos que queriam liberdade. Ocorre então que após algumas horas de espera, decide-se formar um pelotão de doze homens para o fuzilarem, pois nenhum destes ousaria fazê-lo sozinho. Assim Frei Caneca é morto fuzilado.
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Livro Veinte poemas de amor y una canción desesperada (1924) - Pablo Neruda

Cuerpo de mujer, blancas colinas, muslos blancos,
te pareces al mundo en tu actitud de entrega.
Mi cuerpo de labriego salvaje te socava
y hace saltar el hijo del fondo de la tierra.
Fui solo como un túnel. De mí huían los pájaros
y en mí la noche entraba su invasión poderosa.
Para sobrevivirme te forjé como un arma,
como una flecha en mi arco, como una piedra en mi honda.
Pero cae la hora de la venganza, y te amo.
Cuerpo de piel, de musgo, de leche ávida y firme.
Ah los vasos del pecho! Ah los ojos de ausencia!
Ah las rosas del pubis! Ah tu voz lenta y triste!
Cuerpo de mujer mía, persistirá en tu gracia.
Mi sed, mi ansia sin límite, mi camino indeciso!
Oscuros cauces donde la sed eterna sigue,
y la fatiga sigue, y el dolor infinito.
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terça-feira, 24 de março de 2009
Da Vida das Marionetes - Ingmar Bergman



Peter Egerman é um executivo bem sucedido que vive um casamento conturbado com Katarina. Dias depois de ter um sonho no qual mata a esposa, Peter sai com uma prostituta e a mata. Qual seria a explicação dessa tragédia?
Em Da Vida das Marionetes, Bergman explora, com intensidade e ousadia, a mente de um homem levado ao extremo a partir da história de Peter e Katarina, casal que teve um papel secundário em Cenas de um Casamento.
segunda-feira, 23 de março de 2009
Para Refletir - Aline C. Costa

Tenho percebido todos os dias como os seres humanos são fracos e impotentes, a vida se faz e desfaz sem que lhe peça permissão. Nossa própria existência independe de nós, quando a natureza das coisas quiser que saiamos dessa peça teatral arquitetada por um querer sobre humano, não podemos fazer nada para impedi-la somos inevitavelmente forçados a nascer, crescer e morrer. Talvez passe na cabeça do leitor que podem simplesmente interromper a vida quando lhes bem entender, mas o que essa mera peça do grande quebra-cabeça lhes diz é que não fazes falta. Não és nada, és apenas aquilo que achas ser.
Livro Alguma Poesia - Carlos Drummond de Andrade
Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.
Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?
Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?
Ninguém responde, a vida é pétrea.
domingo, 22 de março de 2009
Livre Les Fleurs du mal - Charles Baudelaire

Le 7 juillet, la direction de la Sûreté publique (de nos jours, il s'agirait du ministère de l’Intérieur) saisit le parquet du délit d’« outrage à la morale publique » et pour « outrage à la morale religieuse ». Cette dernière accusation est finalement abandonnée. Le 20 août, le procureur Ernest Pinard, qui avait également requis contre Madame Bovary, prononce un réquisitoire devant la 6e Chambre correctionnelle, la plaidoirie est assurée par Gustave Louis Chaix d'Est-Ange. Le 21 août, Baudelaire et ses éditeurs sont condamnés respectivement à 300 et 100 francs d’amende, ainsi que la suppression de six pièces (sur les cent que compte le recueil), pour délit d’outrage à la morale publique. Il s'agit des poèmes Les Bijoux, Le Léthé, À celle qui est trop gaie, Lesbos, Femmes damnées et Les Métamorphoses du vampire.
Elle était donc couchée et se laissait aimer,
Documents sur le procès des Fleurs du mal est disponible sur Wikisource.
Et du haut du divan elle souriait d’aise
À mon amour profond et doux comme la mer,
Qui vers elle montait comme vers sa falaise.
Dans Les Bijoux
Dans Le Léthé, la « crinière » ne laisse personne dupe :
Je veux longtemps plonger mes doigts tremblants
Dans l’épaisseur de ta crinière lourde ;
Dans tes jupons remplis de ton parfum
Le sadisme de À celle qui est trop gaie est sans détour et les lèvres en question trop sexuellement évidentes :
Ainsi je voudrais, une nuit, (…)
Comme un lâche, ramper sans bruit,
(…) Et faire à ton flanc étonné
Une blessure large et creuse,
Et, vertigineuse douceur !
À travers ces lèvres nouvelles,
Plus éclatantes et plus belles,
T’infuser mon venin, ma sœur !
En comparaison, on s'étonnerait presque de la censure concernant Lesbos, un hymne sans fard à la poétesse Sappho mais sans provocation non plus. L'homosexualité n'est pas un délit sous le Second Empire mais son apologie choque néanmoins la morale religieuse des élites catholiques.
Le 30 août, Victor Hugo écrit à Baudelaire « Vos Fleurs du mal rayonnent et éblouissent comme des étoiles », et pour le féliciter d’avoir été condamné par la justice de Napoléon III. En 1859, Victor Hugo écrira que l’ouvrage apporte « un frisson nouveau » à la littérature.
Le 6 novembre, Baudelaire écrit[1] à l’impératrice : « Je dois dire que j’ai été traité par la Justice avec une courtoisie admirable, et que les termes mêmes du jugement impliquent la reconnaissance de mes hautes et pures intentions. Mais l’amende, grossie des frais inintelligibles pour moi, dépasse les facultés de la pauvreté proverbiale des poètes, et, (…) persuadé que le cœur de l’Impératrice est ouvert à la pitié pour toutes les tribulations, les spirituelles comme les matérielles, j’ai conçu le projet, après une indécision et une timidité de dix jours, de solliciter la toute gracieuse bonté de Votre majesté et de la prier d’intervenir pour moi auprès de M. le Ministre de la Justice. » Suite à quoi son amende est réduite à 50 francs par le garde des Sceaux.
Paris, sous le Second Empire, est, comparé à la puritaine Angleterre victorienne, un havre de tolérance où la grivoiserie des pièces de Jacques Offenbach qui fait l'apologie de l'adultère, du ménage à trois ou des bacchanales orgiaques, ne semble choquer personne. Mais Baudelaire frise la pornographie dans des vers comme :
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Libri Ossi di Sepia - Eugenio Montale

IN LIMINE
Godi se il vento ch'entra nel pomario
vi rimena l'ondata della vita:
qui dove affonda un morto
viluppo di memorie,
orto non era, ma reliquiario.
Il frullo che tu senti non è un volo,
ma il commuoversi dell'eterno grembo;
vedi che si trasforma questo lembo
di terra solitario in un crogiuolo.
Un rovello è di qua dall'erto muro.
Se procedi t'imbatti
tu forse nel fantasma che ti salva:
si compongono qui le storie, gli atti
scancellati pel giuoco del futuro.
Cerca una maglia rotta nella rete
che ci stringe, tu balza fuori, fuggi!
Va, per te l'ho pregato,— ora la sete
mi sarà lieve, meno acre la ruggine…
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Livro 100 Textos Bertolt Brecht

Bertolt Brecht (Augsburg, 10 de Fevereiro de 1898 — Berlim, 14 de Agosto de 1956) foi um destacado dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX. Seus trabalhos artísticos e teóricos influenciaram profundamente o teatro contemporâneo, tornando-o mundialmente conhecido pelas apresentações de sua companhia o Berliner Ensemble realizadas em Paris durante os anos 1954 e 1955.
Ao final dos anos 1920 Brecht torna-se marxista, vivendo o intenso período das mobilizações da República de Weimar, desenvolvendo o seu 'teatro épico', que, de certa forma, sintetizava os experimentos políticos na Alemanha de Erwin Piscator e do russo Vsevolod Emilevitch Meyerhold, influenciado pelo teatro experimental da Rússia soviética, entre os anos 1917-1926. Explorava assim Brecht o teatro como um fórum de discussões das complicadas relações humanas dentro do sistema capitalista, criando sua versão de um drama épico, na perspectiva de uma estética marxista.
Obra:
As suas principais influências foram Constantin Stanislavski, Vsevolod Emilevitch Meyerhold e Erwin Piscator.
Algumas de suas principais obras são: Um Homem É um Homem, em que cresce a idéia do homem como um ser transformável, Mãe Coragem e Seus Filhos, sobre a Guerra dos Trinta Anos, escrita no exílio no começo da Segunda Guerra Mundial, e A Vida de Galileu, drama biográfico com o qual Brecht encontra definitivamente o caminho do teatro dialético. Afirma Bernard Dort a respeito deste último:
... Galileu foi escrita, pelo menos originalmente, para servir de exemplo e de conselho aos sábios alemães tentados a abdicar seu saber nas mãos dos chefes nazistas.
Além dessas, escreveu Seu Puntila e seu Criado Matti, A Resistível Ascenção de Arturo Ui, O Círculo de Giz Caucasiano, A Boa Alma de Setzuan e A Ópera dos Três Vinténs.
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sábado, 21 de março de 2009
AudioLivro: Ou Isto ou Aquilo - Cecília Meireles por Paulo Autran

Colar de Carolina
Pescaria
Moda da menina trombuda
O cavalinho branco
Jogo de bola
Tanta tinta
Bolhas
Leilão de jardim
Rio na sombra
Os carneirinhos
A bailarina
O mosquito escreve
A lua é do Raul
Sonhos da menina
Rômulo rema
O menino azul
As meninas
O último andar
As duas velhinhas
Ou isto ou aquilo
A flor amarela
O vestido de Laura
Uma palmada bem dada
A chácara do Chico Bolacha
A avó do menino
Canção da flor da pimenta
Para ir à lua
Lua depois da chuva
Figurinhas
Passarinho no sapé
A pombinha da mata
O sonho e a fronha
A língua do nhem
O menino dos ff e rr
Canção de Dulce
Na sacada da casa
Cantiga para adormecer Lúlu
A folha na festa
Cantiga da babá
Enchente
O chão e o pão
Jardim da igreja
Canção
Roda na rua
Procissão de pelúcia
Pregão do vendedor de lima
O tempo do temporal
Sonho de Olga
O violão e o vilão
A égua e a água
Rola a chuva
O lagarto medroso
Uma flor quebrada
O pescador e suas filhas
O eco
O Santo do monte
Livro Noções de Análise Histórico Literária - Antônio Cândido


O estudo da crítica textual na sala de aula de um primeiro ano de Letras representa mais uma vertente pioneira de Antonio Candido na universidade, em nosso país. Esta obra destinada ao curso de "Introdução dos estudos literários", da Faculdade de Ciências e Letras de Assis, em 1959. Detendo-se com rigor nas principais questões da crítica textual, vinculada a teoria ao estudo de casos, as aulas, além da cuidadosa apostila mimeografada, contavam com projeção de imagens e e trabalhos práticos para sessões de estudo.
Livro Na sala de aula Caderno de Analise Literária - Antônio Cândido

Em 1945, obteve o título de livre-docente com a tese Introdução ao Método Crítico de Sílvio Romero e, em 1954, o grau de doutor em Ciências Sociais com a tese Parceiros do Rio Bonito, ainda hoje um marco nos estudos brasileiros sobre sociedades tradicionais. Entre 1958 e 1960 foi professor de literatura brasileira na Faculdade de Filosofia de Assis, hoje integrada à Universidade Estadual Paulista.
Em 1961 regressou à USP e, a partir de 1974, torna-se professor-titular de Teoria Literária e Literatura Comparada da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (assim denominada a partir de 1970) da USP, sendo responsável pela formação de grande parte da intelectualidade nacional, direta ou indiretamente. Entre os seus discípulos estão Antônio Lázaro de Almeida Prado, Fernando Henrique Cardoso, Roberto Schwarz, Davi Arrigucci Jr., Walnice Nogueira Galvão, João Luiz Lafetá e Antônio Arnoni Prado, entre outros.
Aposentou-se em 1978, todavia manteve-se ainda como professor do curso de pós-graduação e crítico atuante não só na vida literária, como também na política, tendo sido um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. Recebeu o Prémio Camões em 1998.
Principais obras:
Introdução ao Método Crítico de Sílvio Romero, 1945;
Formação da Literatura Brasileira - Momentos Decisivos - 1957;
Ficção e Confissão, 1956;
O Observador Literário, 1959;
Presença da Literatura Brasileira - 1964 (em colaboração com J. Aderaldo Castello);
Tese e Antitese, 1964;
Parceiros do Rio Bonito, 1964;
Formação da Literatura Brasileira, 1975;
A Educação pela Noite e Outros Ensaios, 1987;
O Discurso e a Cidade, 1993.
Obras sobre Antonio Candido:
Raúl Antelo, Antonio Candido y los Estudios Latinoamericanos, -Instituto Internacional de Literatura Ibero-Americana da Universidade de Pittsburgh, 2002.
Heloisa Pontes, Destinos Mistos. Companhia das Letras. 1998.
Flávio Aguiar (org.). Antonio Candido: pensamento e militância. Fundação Perseu Abramo e Humanitas FFLCH/USP, 1999.
Celso Lafer (org.). Esboço de Figura. São Paulo, Duas Cidades, 1979.
Roberto Schwarz. "Pressupostos, salvo engano, de Dialética da malandragem". In: ___ Que Horas São? São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
Roberto Schwarz. Sequências Brasileiras. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
Paulo Eduardo Arantes. Sentimento da Dialética. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
Livro A Personagem de Ficção - Antônio Cândido


É professor-emérito da USP e da UNESP, e doutor honoris causa da Unicamp.
Tendo concluído os estudos secundários na cidade de Poços de Caldas, Minas Gerais, Antonio Candido ingressou na recém-fundada Universidade de São Paulo em 1937, simultaneamente nos cursos de Ciências Sociais e Direito, não chegando a colar grau neste último. Nos anos de estudo universitário, conheceu Décio de Almeida Prado, Paulo Emílio Salles Gomes, Florestan Fernandes, Lourival Gomes Machado, Alfredo Mesquita, Ruy Coelho e Gilda de Moraes Rocha - posteriormente chamada Gilda de Mello e Souza, sobrinha de Mário de Andrade e sua futura esposa - com os quais funda a revista Clima, cabendo a Antonio Candido escrever sobre literatura.
Paralelo às atividades literárias, Candido militou no Partido Socialista Brasileiro e participou do Grupo Radical de Ação Popular, integrado também por Paulo Emílio Salles Gomes, Germinal Feijó, Paulo Zingg e Antônio Costa Correia, editando um jornal clandestino, de oposição ao governo Getúlio Vargas, chamado Resistência.
AudioLibri - Poesie - Eugenio Montale (23 poesie)

- Montale Eugenio - Casa sul mare
- Montale Eugenio - Cigola la carrucola del pozzo
- Montale Eugenio - Da Xenia
- Montale Eugenio - Dicono che la mia
- Montale Eugenio - Forse un mattino andando in un'aria di vetro
- Montale Eugenio - Ho sceso, dandoti il braccio, almeno un milione di scale
- Montale Eugenio - I limoni
- Montale Eugenio - Il pirla
- Montale Eugenio - Il rondone
- Montale Eugenio - Il sogno del prigioniero
- Montale Eugenio - In limite
- Montale Eugenio - La casa dei doganieri
- Montale Eugenio - L'anguilla
- Montale Eugenio - Lo sai, debbo riperderti e non posso
- Montale Eugenio - Lungomare
- Montale Eugenio - Meriggiare pallido e assorto
- Montale Eugenio - Mia vita
- Montale Eugenio - Non chiederci la parola che squadri da ogni lato
- Montale Eugenio - Non recidere forbice quel volto
- Montale Eugenio - Serenata indiana
- Montale Eugenio - Spesso il male di vivere
- Montale Eugenio - Su una lettera non scritta
- Montale Eugenio - Ti libero la fronte dai ghiaccioli
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sexta-feira, 20 de março de 2009
Filme O Rito - Ingmar Bergman



Bergman se incomoda com o fato de que alguns de seus filmes não traduzem o que acontece com ele. É como se o diretor visse seus filmes como uma espécie de diário filmado, a idéia de que seus filmes pudessem ser vistos (por ele) como ficção não parece passar por sua mente. A idéia de tomar seus filmes como obras de ficção, onde poderia fazer colagens entre fatos de sua vida e elementos ficcionais, parece até mesmo irritar o diretor – exemplo disso seria Através de Um Espelho (1961).
Bergman conta que em O Sétimo Selo (1957) se encontram muitas recordações de sua infância . Como seu pai era pastor, Bergman guardou na lembrança os interiores das igrejas que visitou. Retábulos, crucifixos, vitrais, murais, todos os temas cristãos podem ser encontrados aqui, o cavaleiro jogando xadrez com a Morte é um deles. Bergman admite que O Sétimo Selo seja um dos poucos filmes que dirigiu que acalenta seu coração. Até esse momento, o diretor ainda mantém uma relação com a religião, acreditando que algum diálogo é possível com esse universo – a relação amistosa entre o cavaleiro, com sua crença religiosa, e o escudeiro, com seu racionalismo adulto, é prova disso. Ele ainda acredita que existe alguma salvação for a deste mundo. A família também receber neste filme um voto de confiança.
Até seus vinte anos Bergman tinha muito medo da morte, um medo muito ligado a concepções religiosas. A idéia de que existisse um limiar a partir do qual perdemos todo o controle sobre nós, sempre o havia amedrontado - em Fanny e Alexander (1982), o momento em que Alexander demonstra medo em se aproximar de seu pai moribundo. A criação da figura da Morte para O Sétimo Selo teria sido um primeiro passo contra esse horror da morte – que talvez culmine no comentário de Alexander, novamente em Fanny e Alexander: “Se há Deus, ele é um merda e queria chutar seu rabo”.
Acreditou que ao maquiar de branco o rosto da Morte, poderia trazer o universo dos palhaços. Para o personagem da Morte, Bergman criou uma síntese entre uma caveira e um palhaço . Ele conta que tinha dúvidas de que o público fosse identificar a Morte com aquele ator vestido de preto com o rosto maquiado de branco, mas tudo deu certo. O diretor afirma, “O Sétimo Selo é, definitivamente, a expressão de uma das últimas idéias e manifestações de fé que eu herdara de meu pai e que alimentara desde a infância. Quando fiz o filme, as orações eram realidades em minha vida. Rezar, para mim, era um ato absolutamente natural” . Foi a partir de Através de Um Espelho que essa fé deu lugar a uma forma mais fatalista de ver o mundo. A santidade está dentro de cada um de nós, santidade que está neste mundo e não fora dele. O deus-aranha de Karin não é um acaso. Este filme afirma a tese de que todo conceito divino é obra humana, e sempre é um conceito monstro. Um monstro com dois rostos, deus-aranha.
A incapacidade de colocar-se fora do alcance das pressões sociais que nos arrastam para longe de nós mesmos, e a conseqüente necessidade de viver protegido por trás de uma máscara, ainda que seja uma opção dilacerante. Eis aí o tema de O Rosto (1958), eis aí a transcrição para a tela de cinema dos sentimentos de Bergman na época. Bergman se transcreve no personagem Johan Spengel, ele é alguém que morre duas vezes e o primeiro a perceber as dissimulações do mágico Vogler. Spengel afirma que Vogler “é um charlatão que necessita esconder seu verdadeiro rosto” . Afirma também que nosso único movimento é em direção às trevas. Na época Bergman se sentia como uma prostituta em relação a sua função de direção do Teatro Municipal de Malmö, cuja demanda era apenas por dinheiro.
O tema é retomado em O Rito (1969), onde as personas em que Bergman se divide são três. Sebastian Fischer é um sujeito irresponsável, Hans Wikelman é um homem organizado e Thea é condescendente e tem necessidade de agradar . Nessa altura, Bergman deixa o cargo de diretor do Teatro Municipal em estado de raiva, pois apesar de ter tirado o teatro do anonimato só recebeu críticas. Os três personagens estão indissoluvelmente ligados, e só a partir de uma tensão entre eles cada um pode fazer alguma coisa. Nas palavras de Bergman, “Isto foi uma tentativa honesta de me dissecar a mim mesmo, de revelar como, no fundo, eu funciono. De expor as forças que mantêm a máquina de meu eu em marcha” .
Bergman segue em sua genealogia de personagens de si mesmo. Thea tem três irmãs, que habitam outros de seus filmes: Karin, de Através de Um Espelho, que atravessa papéis de parede e conversa com um deus-aranha; Agnes, de Gritos e Sussurros (1973), que está bloqueada entre a vida e a morte (como Spengel, ela também morreu duas vezes); Aman/Manda, de O Rosto, cuja sexualidade varia sem cessar. Como primo de Bergman, entra aí Ismael, de Fanny e Alexander, um garoto que é mantido num quarto fechado. Segundo Bergman, durante sua estada no Teatro Municipal, somente Hans Winkelman esteve presente, ou ativo. Uma fala de Thea traduz o sentimento de Bergman. Ela acha que está vivendo por demais em função dos personagens que cria em sua mente, então vai a um médico queixar-se:
“(…) [Ele] afirmou que não é bom nos afastarmos da realidade, como eu fazia. Então perguntei se a realidade era a idéia que a maior parte das pessoas fazia da vida, e se havia possibilidade de existirem vários tipos de realidade, todas elas igualmente reais. A tudo isso o médico respondeu que o que se deveria fazer era viver da melhor maneira possível. Depois, quando lhe disse que eu de forma alguma era infeliz, ele encolheu os ombros e começou a escrever a receita”.
Fonte do Texto:
Download do Filme:
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Por que nao fumar... Aline C.Costa Texto Informativo

O cigarro é um dos produtos de consumo mais vendidos no mundo. Comanda legiões de compradores leais e tem um mercado em rápida expansão. Satisfeitíssimos, os fabricantes orgulham-se de ter lucros impressionantes, influência política e prestígio. O único problema é que seus melhores clientes morrem um a um.
A revista The Economist comenta: “Os cigarros estão entre os produtos de consumo mais lucrativos do mundo. São também os únicos produtos (legais) que, usados como manda o figurino, viciam a maioria dos consumidores e muitas vezes o matam.” Isso dá grandes lucros para a indústria do tabaco, mas enormes prejuízos para os clientes.
Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, dos Estados Unidos, a vida dos fumantes americanos é reduzida, coletivamente, todo ano, em uns cinco milhões de anos ,cerca de um minuto de vida a menos para cada minuto gasto fumando.“ O fumo mata 420.000 americanos por ano”, diz a revista Newsweek. “Isso equivale a 50 vezes mais mortes do que as causadas pelas drogas ilegais”.
2. O Que Vai no Cigarro
Até setecentos aditivos químicos talvez entrem nos ingredientes utilizados na fabricação de cigarros, mas a lei permite que os fabricantes guardem a lista em segredo. No entanto, constam entre os ingredientes matais pesados, pesticidas e inseticidas. Alguns são tão tóxicos que é ilegal despejá-los em aterros. Aquela atraente espiral de fumaça está repleta de umas 4.000 substâncias, entre as quais acetona, arsênico, butano, monóxido de carbono e cianido. Os pulmões dos fumantes e de quem está perto ficam expostos a pelo menos 43 substâncias comprovadamente cancerígenas.
3. O Que Há por Trás do Cigarro
No mundo todo, três milhões de pessoas por ano -seis por minuto- morem por causa do fumo, segundo o livro Mortality From Smoking in Developed Countries 1950-2000, publicado em conjunto pelo Fundo Imperial de Pesquisas do Câncer, da Grã-Bretanha, pela OMS(Organização mundial de Saúde) e pela Sociedade Americana do Câncer. Essa análise das tendências mundiais com relação ao fumo, a mais abrangente até a presente data, engloba 45 países. “Na maioria dos países”, adverte Richard Peto, do Fundo Imperial de Pesquisas do Câncer, “o pior ainda está por vir. Se persistirem os atuais padrões de tabagismo, quando os jovens fumantes de hoje chegarem à meia-idade ou à velhice, haverá cerca de 10 milhões de mortes por ano causadas pelo fumo - uma morte a cada três segundos.
O fumo é diferente de outros perigos”, diz o Dr. Alan Lopez, da OMS. “Termina matando um em cada dois fumantes”. Martin Vessey, do Departamento de Saúde Pública da Universidade de Oxford, diz algo parecido: “Essas constatações no período de 40 anos levam à terrível conclusão de que metade de todos os fumantes terminará morrendo por causa desse hábito – uma idéia muito aterradora.” Desde a década de 50,60 milhões de pessoas morreram por causa do fumo. Essa idéia é muito aterradora também para a indústria do tabaco. Se todo ano, no mundo todo, três milhões de pessoas morrem por motivos ligados ao fumo, e muitas outras param de fumar, então todo ano é preciso encontrar três milhões de novos fumantes.
Uma fonte de novos fumantes surgiu por causa do que a indústria do tabaco aclama como liberação das mulheres. O fumo entre as mulheres é fato consumado já por alguns anos nos países ocidentais e agora está ganhando terreno em lugares em que se via nisso um estigma. Os fabricantes de cigarro pretendem mudar tudo isso. Querem ajudar as mulheres a comemorar a prosperidade e a liberação recém – conquistadas. Marcas especiais de cigarro que alegam ter baixos de nicotina e alcatrão engodam as mulheres que fumam e que acham esse tipo de cigarro menos prejudicial. Outros cigarros são perfumados ou então são longos e finos – o visual que as mulheres talvez sonhem conseguir fumando. Os anúncios de cigarro na Ásia apresentam modelos orientais, jovens e chiques, elegante e sedutoramente vestidas no estilo ocidental.
No entanto, o saldo de mortes relacionadas com o fumo ganha terreno, junto com a “liberação” feminina. O número de vítimas de câncer de pulmão entre as mulheres dobrou nos últimos 20 anos na Grã-Bretanha, no Japão, na Noruega, na Polônia e na Suécia. Nos Estados Unidos e no Canadá, os índices aumentaram 300%. “Você percorreu um longo caminho, garota!”, diz um anúncio de cigarro. Alguns fabricantes de cigarro têm sua própria estratégia. Certa empresa nas Filipinas, país predominantemente católico, distribuiu calendários gratuitos em que logo abaixo da imagem da Virgem Maria aparecia, descaradamente, o logotipo do cigarro.
“Nunca tinha visto nada igual”, disse a Dra.Rosmarie Erban, conselheira de saúde da OMS, na Ásia. “Estavam tentando relacionar o ícone ao fumo, para que as mulheres filipinas não se sentissem culpadas diante da idéia de fumar.” Na China, calcula-se que 61% dos homens adultos fumam, contra apenas 7% das mulheres. Os fabricantes ocidentais de cigarro estão de olho na “liberação” dessas belas orientais, milhões das quais por muito tempo foram privadas dos “prazeres” desfrutados pelas glamorosas ocidentais. Mas há uma pedra enorme no caminho: o fabricante estatal de cigarro supre o mercado com a maior parte do produto.
As empresas ocidentais, porém, estão gradualmente conseguindo abrir as portas. Com oportunidades limitadas de publicidade, alguns fabricantes de cigarro procuram preparar o terreno para ganhar futuros clientes à surdina. A China importa filmes de Hong Kong, e em muitos deles os autores são pagos para fumar – um marketing sutil! Em vista do aumento das hostilidades em seu próprio país, a próspera indústria norte-americana do tabaco está estendendo seus tentáculos para aliciar novas vítimas. Os fatos mostram que os países em desenvolvimento são seu alvo, não importa o custo em vidas humanas.
No mundo todo as autoridades sanitárias soam o alarme. Algumas manchetes: “África combate nova praga: o fumo.” “Fumaça vira fogo na Ásia enquanto o mercado tabagista dispara.” “Índices de consumo de cigarro na Ásia causarão epidemia de câncer.” “A nova batalha do Terceiro Mundo é contra o fumo” O continente africano tem sido castigado por secas, por guerras civis e pela epidemia da AIDS. No entanto, diz o Dr.Keith Ball, cardiologista britânico, “com exceção da guerra nuclear ou da fome, o fumo é a maior ameaça para a saúde da África no futuro”.
Gigantes multinacionais contratam lavradores para cultivar tabaco. Estes derrubam árvores cuja madeira é extremamente necessária para cozinhar, aquecer ambientes e construir casas e a usam como combustível para a cura do tabaco. Cultivam lucrativas plantações de tabaco em vez de produtos alimentícios menos lucrativos. Os africanos pobres geralmente gastam grande parte de sua escassa renda em cigarro. As famílias africanas definham, desnutridas, enquanto os cofres dos fabricantes ocidentais de cigarro engordam com os lucros.
4. A Praga se Espalha Pelo Mundo
A África, a Europa Oriental e a América Latina são o alvo dos fabricantes ocidentais de cigarro, que vêem nos países em desenvolvimento uma gigantesca oportunidade comercial. Mas a populosa Ásia é de longe a maior mina de ouro de todos os continentes. Só a china atualmente tem mas fumantes do que toda a população dos Estados Unidos – 300millhões. Eles fumam o total assombroso de 1,6 trilhão de cigarro por ano, um terço do total consumido no mundo!
“Os médicos dizem que as implicações do estouro do fumo na Ásia são nada menores que aterradoras”, diz o jornal New York Times Richard Peto calcula que, dos dez milhões de mortes relacionadas com o fumo que se espera que ocorram todo ano nas próximas ou três décadas, dois milhões se darão na China. Cinqüenta milhões de crianças chinesas hoje vivas podem vir a morrer de doenças ligadas ao fumo, diz Peto. O Dr.Nigel Gray resumiu isso nas seguintes palavras: “A história do fumo nas últimas cinco décadas na China e na Europa Oriental condena esses países a uma grande epidemia de doenças ligadas ao fumo.
“Como pode um produto que é a causa de 400 mil mortes prematuras por ano nos EUA, um produto que o Governo norte-americano quer a todo custo que seus cidadãos deixem de consumir, de repente tornar-se diferente fora das fronteiras americanas!”, perguntou o Dr.Prakit Vateesatokit, da Campanha Antifumo da Tailândia. “Será que a saúde se torna irrelevante quando o mesmo produto é exportado para outros países?.
A próspera indústria de tabaco tem no governo dos Estados Unidos um aliado poderoso. Juntos lutam para ganhar terreno no exterior, especialmente nos mercados asiáticos. Por anos os cigarros americanos foram impedidos de entrar no mercado do Japão, Taiwan (Formosa), Tailândia e outros países, porque alguns desses governos tinham seus próprios monopólios sobre produto do tabaco. Grupos antifumo protestam contra as importações, mas a administração norte-americana usou uma arma persuasiva: tarifas punitivas .
A partir de 1985, sobre intensa pressão do Governo dos Estados Unidos, muitos países asiáticos abriram as portas, e os cigarros americanos estão invadindo o mercado. As exportações americanas de cigarro para a Ásia aumentaram 75% em 1988.
Talvez as vítimas mas trágicas da competitividade no mundo do fumo sejam as crianças um estudo divulgado na revista The Journal of the American Medical Association diz que “as crianças e os adolescente constituem 90% de todos os novos fumantes.
Um artigo na revista U.S.News & Would Report calcula em 3,1 milhões a quantidade de fumantes adolescente nos Estados Unidos. Todo dia, 3.000 jovens começam a fumar – 1.000.000 por ano. A publicidade de certo cigarro apresenta a imagem de um personagem de desenhos animados, muitas vezes com um cigarro na boca, um camelo que adora se divertir e vive atrás dos prazeres da vida. Essa publicidade é acusada de engodar crianças e adolescentes, tornando-os escravos da nicotina, antes que compreendam os riscos para a saúde. Em apenas três anos de divulgação dessa publicidade, o fabricante teve um aumento de 64% nas vendas para adolescentes. Um estudo realizado na Faculdade de Medicina da Geórgia (EUA) constatou que 91% das crianças de seis anos de idade que foram avaliadas conheciam esse camelo fumante.
Outro personagem muito conhecido no mundo do cigarro é o cowboy machão, despreocupado, cuja mensagem, nas palavras de um rapaz, é: “quando você está fumando, ninguém o segura”. Consta que o produto de consumo mais vendido no mundo é um cigarro que controla 69% do mercado entre os fumantes adolescentes e que a marca que mais investe em publicidade. Como um incentivo a mais, todo maço traz cupons que podem trocados por jeans, bonés e roupas esportivas do gosto da moçada.
Reconhecendo o tremendo poder da publicidade, grupos antifumo conseguiram que se proibissem em muitos países os anúncios publicitários de cigarro na televisão e no rádio. Mas um jeito que os espertos anunciantes de cigarro acharam de driblar o sistema foi colocar outdoors em pontos estratégicos em eventos esportivos. É por isso que numa partida de futebol televisionada para uma grande audiência de jovens talvez apareça, em primeiro plano, a imagem do jogador favorito desses telespectadores, prestes a fazer uma jogada, e em segundo plano, sorrateiramente, um enorme outdoor.
Aqui no Brasil, a minissérie Presença de Anita , chamou a atenção aos vários cigarros consumidos pela protagonista de apenas 18 anos. A representação foi tamanha, ao ponto da própria atriz tornar-se dependente. A mensagem descarada é que fumar dá prazer, boa forma, virilidade e popularidade. “Onde eu trabalhava”, disse um consultor de publicidade, “tentávamos de tudo para influenciar a garotada de 14 anos a começar a fumar”. Os anúncios na Ásia apresentam ocidentais atléticos, saudáveis e cheios de juventude, divertindo-se a valer em praias e quadras esportivas – fumando, é claro. “Top models e estilos de vida ocidentais criam padrões glamorosos a imitar”, comentou um informe de marketing, “e os fumantes asiáticos nunca se fartam disso”.
5. Não Fumantes em Risco
Você mora, trabalha ou viaja com fumantes inveterados? Então talvez corra o risco ainda maior de contrair câncer de pulmão ou doenças cardíacas. Um estudo realizado em 1993 pela Agência para Proteção do Meio ambiente (EPA, em inglês) concluiu que a fumaça de cigarro no ambiente é um carcinógeno do Grupo A, o mais perigoso. O relatório analisou exaustivamente os resultados de 30 estudos da fumaça produzidas pelo cigarro em repouso e da fumaça expelida depois de tragada.
A EPA diz que a inalação passiva da fumaça de cigarro é responsável pelo câncer de pulmão que mata 3.000 pessoas todo o ano nos Estados Unidos. A Associação Médica Americana confirmou essas conclusões, em junho de 1994, com a publicação de um estudo que revela que as mulheres que nunca fumaram, mas que inalam fumaça de cigarro no ambiente, correm um risco 30% maior de contrair câncer de pulmão do que outras pessoas que também nunca fumaram.
No caso das crianças pequenas, a fumaça de cigarro resulta em 150.000 a 300.000 casos anuais de bronquite e pneumonia. A fumaça agrava os sintomas de asma em 200.000 a 1.000.000 de crianças todo o ano nos Estados Unidos. A Associação Cardíaca Americana calcula que ocorram, todo o ano, 40.000 mortes por doenças cardiovasculares causadas pela fumaça de cigarro no ambiente. Um levantamento feito pela equipe de José Rosember, pneumologista brasileiro, avaliou os efeitos do tabagismo na saúde de 15 mil crianças entre zero e um ano. Nas famílias em que o pai fuma, cerca de 25%das crianças apresentou problemas respiratórios. Quando a mãe é fumante o número passa para 49%, pois ela tem mais contato com
Em 2002, o governo brasileiro estampará nos maços de cigarro, imagens e alertas aterradores, como por exemplo uma doente grave aparecendo num leito de hospital com câncer de pulmão. Terá também imagens de crianças prematuras para alertar o fumo durante a gravidez e frases de efeito como “Fumar causa impotência sexual”. Será a maior ofensiva contra os mais de 30 milhões de viciados, que segundo o Ministério da Saúde mata 80 mil brasileiros por ano.
Mas, para quem quer se livrar da dependência, a medicina está trazendo tratamentos desde terapias e antidepressivos até chicletes e adesivos de nicotina. Já existem várias alternativas contra o cigarro, segundo o psiquiatra Montezuma Ferreira, do Ambulatório de Tabagismo do Hospital das Clínicas de São Paulo “Hoje é mais fácil parar de fumar”.
Algumas dessas alternativas se baseiam na reposição de nicotina. O fumante é poupado dos efeitos da interrupção repentina do hábito, como a irritabilidade. Então, se oferece ao corpo a nicotina mas em doses menores até que ele dispense a substância, como é o caso do chiclete e do adesivo de nicotina. Há outros tratamentos que usam antidepressivos, com bupropriona (Zyban, da empresa Glaxowellcome). Mas ainda não se sabe como ele funciona contra a dependência. Acredita-se que a droga aumente o efeito de substâncias como a seretonina e a dopanina. Assim, o fumante teria as mesmas sensações de bem-estar causadas pela nicotina. Porém, esses tratamentos são recomendados para pacientes que fumam mais de quinze cigarros por dia, ou seja, um alto grau de dependência.
Há até técnicas para quem, durante o tratamento, sente um desejo incontrolável de fumar. Trata-se de um sray de nicotina. Ao bater aquela vontade de tragar, o fumante pode borrifar um pouco do líquido no nariz. Mas esse produto só existe nos Estados Unidos. Já descobriu-se que o cérebro possui receptores de nicotina, espécies de fechadura localizadas nas células nas quais o composto se encaixa. A partir daí começam a ser liberadas no corpo substâncias como a seretonina, catecolamida e dopamina. Elas estão envolvidas no processamento de sensações como bom-humor e relaxamento. Com o tempo, o corpo se acostuma com a nicotina e precisa cada vez mais dela para sentir as mesmas coisas. Está consolidada a dependência.
Sabe-se também que além da nicotina, o outro vilão é o alcatrão. Ele causa alterações nas células que podem levar ao desenvolvimento de vários tipos de câncer como o de pulmão e o de boca.
6. Constatações de 50.000 Estudos
A seguir temos uma pequena amostra do que preocupa os pesquisadores com relação ao fumo e à saúde:
* Câncer de Pulmão:
87% das mortes por câncer de pulmão ocorrem entre os fumantes.
* Doenças Cardíacas:
os fumantes correm um risco de 70% maior de apresentar doenças cardíacas
* Câncer de Mama:
as mulheres que fumam 40 ou mais cigarros por dia têm uma probabilidade 74% maior de morrer de câncer de mama.
* Deficiências Auditivas:
os bebês de mulheres fumantes têm maiores dificuldades em processar sons.
* Complicações da Diabetes:
os diabéticos que fumam ou que mascam tabaco correm maior risco de ter graves complicações renais e apresentam retinopatia (distúrbios da retina) de evoluções mais rápidas.
* Câncer de Cólon:
dois estudos com mais de 150.000 pessoas mostram uma relação clara entre o fumo e o câncer de cólon.
* Asma:
a fumaça pode piorar a asma em crianças
* Predisposição ao Fumo:
as filhas de mulheres que fumavam durante a gravidez têm quatro vezes mais probabilidade de fumar também.
* Leucemia:
suspeita-se que o fumo cause leucemia mielóide.
* Contusões em Atividades Físicas:
segundo um estudo do Exército dos Estados Unidos, os fumantes têm mais probabilidades de sofrer contusões em atividades físicas.
* Memória:
doses altas de nicotina podem reduzir a destreza mental em tarefas complexas.
* Depressão:
psiquiatras estão investigando evidências de que há uma relação entre o fumo e a depressão profunda, além da esquizofrenia.
* Suicídio:
um estudo feito entre enfermeiras mostrou que a probabilidade de cometer suicídio era duas vezes maior entre as enfermeiras que fumavam.
* Outros perigos a acrescentar à lista:
câncer da boca, laringe, gargantas, esôfago, pâncreas, estômago, intestino delgado, bexiga, rins e colo do útero; derrame cerebral, ataque cardíaco, doenças pulmonares crônicas, distúrbios circulares, úlceras pépticas, diabetes, infertilidade, bebês abaixo do peso, osteoporose e infecções dos ouvidos. Pode-se acrescentar ainda o perigo de incêndios, já que o fumo é a principal causa de incêndios em residências, hotéis e hospitais.
7. O Pulmão e o Coração
lustração do Pulmão Humano
Ilustração do
Pulmão Humano
O pulmão humano é composto de pequenos glóbulos chamados alvéolos. O fluxo de sangue e a irrigação sanguinia entre o coração e o pulmão são intensos. A fumaça do cigarro prejudica diretamente o funcionamento do sistema coração-pulmão. Com o passar do tempo os alvéolos pulmonares vão sendo cimentados pelos componentes da fumaça do cigarro, deixando de fazer sua função. O organismo então passa a ter menor oxigenação dos tecidos, resultando em maior facilidade de cansaço para o fumante. O cigarro também causa inúmeros danos ao coração, tal como infarto.
8. É Possível Libertar-se
Milhões de pessoas conseguiram se libertar do vício da nicotina. Se você fuma, você também poderá largar esse hábito prejudicial.
Aqui vão algumas dicas:
* Saiba de antemão o que esperar. Os sintomas de abstinência podem incluir ansiedade, irritabilidade, tontura, dor de cabeça, insônia, distúrbios estomacais, fome, fortes desejos de fumar, talvez por causa de um momento estressante (lembre-se de que o impulso em geral passa dentro de cinco minutos), dificuldade de concentração e tremores. Isso não é nada confortável, mas os sintomas mais intensos duram apenas alguns dias e vão desaparecendo à medida que o corpo vai se livrando da nicotina.
* Analise sua rotina para ver quando você procurava um cigarro e altere esse padrão, pois a mente estava condicionada por comportamentos associados ao fumo. Por exemplo, se fumava logo após as refeições, crie a determinação de levantar-se logo em seguida e caminhar ou lavar os pratos. Se estiver desanimado por causa de recaídas, não desista.
O importante é continuar tentando.
* Parar de fumar é uma coisa. Largar de uma vez por todas o fumo é outra coisa. Estabeleça alvos de abstinência: um dia, uma semana, três meses, para daí então parar de fumar para sempre.
* Se a idéia de engordar o incomoda, lembre-se de que os benefícios de parar de fumar superam esses quilinhos a mais. É bom ter frutas e hortaliças à disposição. E beba muita água.
E falando em benefícios ao parar de fumar saiba mais sobre isso:
* Vinte minutos depois de deixar o cigarro, a pressão arterial e os batimentos cardíacos retornam ao normal
* Um dia depois de largar o vício, as chances de infarto começam a se reduzir
* Após três dias, há um aumento da capacidade respiratória
* De duas a 12 semanas a circulação sangüínea melhora
* No intervalo de 1 a 9 meses a tosse e as infecções das vias aéreas vão cessando. A capacidade física melhora
* Em um ano diminui o risco de doença coronariana em 50% Em dez anos caem as chances do aparecimento de câncer
* No período de dez a 15 anos o perigo de desenvolver problemas cardíacos se iguala ao de uma pessoa que nunca fumou.
9. Estatísticas
Mais de 300 pessoas morrem por dia no Brasil em conseqüência ao hábito de fumar. A Organização Mundial de Saúde prevê que, se nada for feito, em 2020 o vício do cigarro levará mais de 10 milhões de pessoas à morte, por ano.
Estatísticas Sobre Uso do Cigarro
Tabela de Estatísticas Sobre Uso do Cigarro
10. Conclusão
O fumo e seus derivados fazem parte do grupo de drogas consideradas de alta periculosidade a saúde humana. Vidas são tragadas pelos malefícios do fumo a cada minuto. Entretanto o lucro gerado pelo fumo movimenta bilhões de dólares todos os anos. Milhares de horas de propaganda a favor do fumo são veiculadas nos meios de comunicação de massa toda semana buscando novos mercados consumidores. Se o fumo é um mal para uns, faz muito bem a outros tantos que usufruem do lucro gerado pelo fumo e seus derivados. A grande maioria entretanto, morre e adoece todos os dias. O fumo traz inúmeras despesas à nossa sociedade.
terça-feira, 17 de março de 2009
Literatura e fé que driblam a morte - Sérgio Amaral Silva

Contada em primeira pessoa, a história é a de Olímpia, que perdeu a mãe ainda na infância e é atormentada pelo temor de ficar doente, porque acha que a morte a persegue. Nesse ponto é inevitável destacar um traço autobiográfico, já que a mãe de Adélia faleceu quando a menina tinha 14 anos, ocasião em que começou a escrever versos.
Casada com Abel, Olímpia não foge a seu destino, que é o de adoecer realmente e, passada dos 60 anos, começa a pensar que a morte está próxima. (“Fiquei pensando no meu desaparecimento, no meu desvalor. Iguais, um grão de terra e eu”.) Uma de suas primeiras providências é fazer uma lista de parentes e conhecidos a quem comunicar a doença e pedir orações.
A fé é sua companheira constante durante a evolução da moléstia. (“Bajulo Deus, esta é a verdade, tenho o rabo preso com Ele, o que me impede de voar. Como posso alçar-me com Ele grudado à cauda?”). Aí pode-se encontrar uma marca registrada da literatura de Adélia Prado: um forte sentido de religiosidade. As referências ao catolicismo estão presentes na autora desde as mais remotas experiências literárias, como no desfecho de uma composição escolar no 3ano primário, inspirada num trecho ouvido da professora na aula de catecismo: “Olhai os lírios do campo. Nem Salomão, com toda sua glória, se vestiu como um deles”.
Foi depois da morte do pai que Adélia diz ter encontrado a própria fala, uma dicção literária diferente dos autores que admirava. Percebeu então que tanto fazia escrever em verso ou prosa, porque a essência era mesmo poesia e “a palavra era poderosa, podia fazer com ela o que quisesse”. A propósito, seu mais recente livro de poemas, “Oráculos de maio”, já tem quase sete anos.
O cotidiano doméstico da mulher nas cidadezinhas tranqüilas, que Adélia tão bem conhece, serve de pano de fundo a esta história curta, praticamente uma novela, já que não tem mais de 50 páginas de texto.
A narrativa de “Quero minha mãe” lembra a técnica do mosaico (ou, se preferirem, o título do segundo livro em prosa de Adélia, “Cacos para um vitral”, de 1980): é composta de fragmentos, de recortes que se juntam com sensibilidade para mostrar a protagonista, suas recordações e seu micro-universo sob diferentes pontos de vista.
Uma escritora em pleno domínio de seu ofício
Os muitos admiradores conquistados pela autora talvez o achem curto, mas por certo não se decepcionarão com este novo livro. Nele, irão encontrar uma escritora em pleno domínio de seu ofício, falando à vontade sobre os temas que lhe são familiares, com a linguagem que caracteriza sua obra, num delicado equilíbrio entre o sagrado e o profano. Afinal, como diz uma personagem do livro, citando a máxima de um santo, “a glória de Deus é que o homem viva”. E a literatura é, certamente, um modo eficaz de driblar a morte.
...
Solidão - Eugenio Montale

Se me afasto dois dias
os pombos que bicam
na minha sacada
começam a se agitar
seguindo as instruções corporativas.
Ao meu regresso a ordem se refaz
com suplemento de migalhas
e para desapontamento do melro que faz a naveta
entre o respeitado vizinho de frente e eu.
A tão pouco se reduziu minha família.
E há quem tenha uma ou duas, que esbanjamento meu Deus!
(tradução: Geraldo H. Cavalcanti)
.
Fim de 68 - Eugenio Montale

FIM DE 68
Contemplei da lua, ou quase,
o modesto planeta que contém
filosofia, teologia, política,
pornografia, literatura, ciências
exatas ou arcanas. Nele há mesmo o homem,
e eu entre eles. E tudo ë muito estranho.
Dentro de poucas horas será noite e o ano
terminará entre explosões de espumantes
e fogos de artifício. Talvez de bombas e coisas piores,
mas não aqui onde estou. Se alguém morre
ninguém se importa desde que seja
desconhecido e longe.
(tradução: Geraldo H. Cavalcanti)
.
Cá e Lá - Eugenio Montale

Há tempos estamos ensaiando a peça
mas a desgraça é que não somos sempre os mesmos.
Muitos já morreram, outros trocam de sexo,
mudam barba rosto língua ou idade.
Há anos preparamos (há séculos) os papéis,
as tiradas principais ou apenas
"a mesa está posta" e nada mais.
Há milênios esperamos que alguém
nos aclame no palco com palmas
ou até com assobios, não importa,
desde que nos reconforte um nous sommes là.
Infelizmente não falamos francês e assim
ficamos sempre no cá e jamais no lá.
(tradução: Geraldo H. Cavalcanti)
O Sabiá - Eugenio Montale

O sabiá canta na terra, não sobre as árvores,
assim disse uma vez um poeta sem asas,
e antecipou o fim de toda vida vegetal.
Existe além disso quem não canta nem sobre nem sob
e ignoro se é pássaro ou homem ou outro animal.
Existe, ou existia talvez, hoje está reduzido
a nada ou quase nada. E já é muito pelo que vale.
(tradução: Geraldo H. Cavalcanti)
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DEPOIS DA CHUVA
Sobre a areia molhada surgem ideogramas
de pés de galinha. Olho para trás
mas não vejo nem santuário nem asilo de aves.
Terá passado um ganso cansado, ou talvez manco.
Não saberia decifrar aquela linguagem
ainda que fosse chinês. Uma simples aragem
a apagará. Não é verdade
que a Natureza seja muda. Fala ao deus-dará
e a única esperança é que não se ocupe
muito da gente.
(tradução: Geraldo Holanda Cavalcanti)
Saiba um Pouco sobre Eugenio Montale

Sem título
Eugenio Montale
Um dia não muito longe
assistiremos à colisão
dos planetas e o céu diamantado
acabará submerso em escombros.
Então colheremos flores rutilantes
e estrelas de néon.
Olha, eis o sinal, um fogo
acende-se no céu, chocam-se
Júpiter e Órion e no terrível
estampido onde acabou o homem?
Certo que basta um sopro neste mundo
em que vivemos para que ele acabe.
Ficará talvez um grito, o da
terra que não quer perecer.
Foi agraciado, em 1961 com a Láurea de Honra pela Universidade de Roma e, logo depois, pelas Universidades de Milão, Cambridge, e Basiléia. Em 1967 o Presidente da República Italiana, Giuseppe Saragat, nomeou-o Senador vitalício em reconhecimento de suas realizações nos campos literário e artístico. Seus livros, tanto prosa quanto poesia, confirmaram a vitalidade do escritor: "Auto da fé" (1966 e 1972), "Fuori di casa" (1969 e 1975) e "Quaderno di traduzioni" (1948 e 1975). Eles dão uma idéia da vastidão de interesses e de versatilidade de seu talento, mais tarde confirmado com a obra "La bufera e altro" (1970). Em 1971, publicou sua quarta coletânea de poesias, "Satura", que logo tornou-se um grande sucesso editorial. Em 1973, publicou "Diario 1971-1972", que contém seus mais recentes poemas líricos. Em 1975, foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura.
No Brasil, seus trabalhos foram publicados pela editora Record ("Poesias" e "Diário Póstumo"), com tradução de Geraldo Holanda Cavalcanti, e "Ossos de Sépia", tradução de Renato Xavier, pela Cia. das Letras.
Eugenio Montale faleceu no dia 12 de setembro de 1981.
O poema acima foi publicado na revista "Palavra", Editora da Palavra - Belo Horizonte (MG), ano 1, nº 7, Outubro/1999, tradução de Ivo Barroso.
segunda-feira, 16 de março de 2009
Curso de Extenção Encontros com a Literatura: Download de Livros

Curso de Extenção Encontros com a Literatura:
14 de março a 30 de maio de 2009
DATA DE INSCRIÇÃO: de 03 a 13 de março de 2009
INSCRIÇÕES: www.ufjf.br ou central de atendimento (campus universitário).
PROGRAMA
DATAS Livro / AUTOR / Conferencista
14 de março Tenda dos milagres. JORGE AMADO. Prof. Dr. Gilvan P. Ribeiro. Download
21 de março Oráculos de maio. ADÉLIA PRADO. Prof. Dr. Edimilson A. Pereira.
28 de março A hora da estrela. CLARICE LISPECTOR. Prof. Dr. Fernando Fiorese Download
04 de abril Sonho de uma noite de verão. WILLIAN SHAKESPEARE. Prof. Dr. Rogério S. S.
Ferreira. Download
18 de abril Poemas. JOÃO CABRAL DE MELO NETO. Profa. Dra. Ude Baldan (UNESP). Download
25 de abril Ossos de sépia. EUGENIO MONTALE. Profa. Dra. Prisca Augustoni. AudioLibri
09 de maio Madame Bovary. GUSTAVE FLAUBERT. Profa. Dra. Jovita G. Noronha. Download
16 de maio Viagem do elefante. JOSÉ SARAMAGO. Profa. Dra. Maria Luiza Scher.
23 de maio Budapeste. CHICO BUARQUE. Prof. Dr. Alexandre Graça Faria. Download
30 de maio Contos negreiros e Rasif – mar que arrebenta. MARCELINO FREIRE. Profa. Dra.
Terezinha Scher.
06 de Junho Grande Sertão Veredas - GUIMARÃES ROSA - Prof Dr. Gilvan Procópio Ribeiro Download
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terça-feira, 10 de março de 2009
Livro Sonetos e Outros Poemas - Bocage

Soneto Ditado na Agonia
Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura;
Conheço agora já quão vã figura,
Em prosa e verso fez meu louco intento:
Musa!... Tivera algum merecimento
Se um raio da razão seguisse pura.
Eu me arrependo; a língua quasi fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:
Outro Aretino fui... a santidade
Manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!.
Leia Mais Faça o Download o Livro:
Download:
Ventos e Bandeiras - Eugenio Montale,

A ventania que alçou o amargo aroma
do mar às espirais dos vales,
e te assaltou, desgrenhou teu cabelo,
novelo breve contra o pálido céu;
a rajada que colou teu vestido
e rápida te modulou à sua imagem,
como voltou, tu longe, a estas pedras
que o monte estende sobre o abismo;
e como passada a embriagada fúria
retoma agora ao jardim o hálito submisso
que te ninou, estirada na rede,
entre as árvores, nos teus vôos sem asas.
Ai de mim! O tempo nunca arranja duas vezes
de igual maneira suas contas! E é esta a
nossa sorte: de outra maneira, como na natureza,
nossa história se abrasaria num relâmpago.
Surto sem igual, — e que agora traz vida
a um povoado que exposto
ao olhar na encosta de um morro
se paramenta de galas e bandeiras.
O mundo existe... Um espanto pára
o coração que sucumbe aos espíritos errantes,
mensageiros da noite: e não pode acreditar
que homens famintos possam ter sua festa.
(tradução: Geraldo H. Cavalcanti)
...
Os Limões - Eugenio Montale

Escuta-me, os poetas laureados
circulam apenas entre plantas
de nomes pouco usados: buxeiros alienas ou acantos.
Eu, por mim, prefiro os caminhos que levam às valas
cheias de mato onde em lamaçais
já meio secos meninos apanham
alguma esquálida enguia:
as trilhas que bordejam os taludes descem por entre os tufos de caniços
e se metem nas hortas, entre os pés de limão.
Tanto melhor se a algazarra dos pássaros
se dissipa engolida pelo azul:
mais claro se escuta o sussurro
dos galhos amigos no ar que mal se move,
e as sensações deste cheiro
que não se larga da terra
e faz chover no peito uma doçura inquieta.
Aqui se cala por milagre
a guerra das desencontradas paixões,
aqui até a nós, os pobres, toca uma parcela de riqueza
e é o cheiro dos limões.
Vê, neste silêncio no qual as coisas
se entregam e parecem prestes
a trair o seu último segredo,
às vezes esperamos
descobrir um defeito da Natureza,
o ponto morto do mundo, o elo que não prende,
o fio a desenredar que enfim nos leve
ao centro de uma verdade.
O olhar perscruta em volta,
a mente indaga concerta desune
em meio ao perfume que se espalha
enquanto o dia enlanguesce.
São os silêncios em que se vê
em cada sombra humana que se afasta
alguma Divindade surpreendida.
Mas a ilusão se desfaz e o tempo nos devolve
à cidade ruidosa onde o azul mostra-se
apenas por retalhos, no alto, entre as cimalhas.
Castiga a chuva a terra, então; se espessa
o tédio do inverno sobre as casas,
a luz torna-se avara — a alma, amarga.
Quando um dia de um portão malfechado
entre as árvores de um pátio
nos surge o amarelo dos limões;
e no coração o gelo se dissolve,
e no peito estalam
suas canções
as trombetas de ouro da solaridade.
(tradução: Geraldo H. Cavalcanti)
segunda-feira, 9 de março de 2009
Ossos de Siba - Eugenio Montale

OSSOS DE SIBA
Não busques abrigo na sombra
desse bosque de verdura
qual o falcão que mergulha
como um raio na canícula.
É hora de deixar quieto
o caniçal sonolento
e de observar as formas
da vida que se esboroa
Caminhamos numa poeira
de madrepérola vibrante,
num ofuscamento pegajoso
que quase nos desfibra.
No entanto, tu o sentes, mesmo na onda árida
que lassidão nos traz neste instante de enfado
não é hora ainda de lançar num abismo
nossas vidas errantes.
Como este claustro de rochas
que parece desfiar-se
em teias de nuvens;
assim nossas almas ressequidas
onde a ilusão mantém aceso
um fogo mais de cinzas
se entregam à serenidade
de uma certeza: da luz.
Repenso o teu sorriso e é para mim como uma água límpida
retida por acaso entre as pedras de um rio,
exíguo espelho onde contemplas uma hera e seus corimbos;
e tudo sob o abraço de um branco céu tranqüilo.
Esta é a minha lembrança; não sei dizer, faz tanto tempo,
se de teu rosto surge livre uma alma ingênua,
ou se em verdade és dos errantes que o mal do mundo exaure
e o sofrimento carregam como um talismã.
Mas posso dizer-te isto, que teu rosto recordado
afoga a mágoa inconstante numa onda de calma,
e que tua figura se insinua em minha memória nevoenta
imaculada como a copa de uma jovem palmeira...
(tradução: Geraldo H. Cavalcanti)
Madrigais Privados - Eugenio Montale

Deste meu nome a uma árvore? Não é pouca coisa;
embora não me resigne a ficar apenas sombra, ou tronco,
abandonado num subúrbio. Eu o teu
dei a um rio, a um longo incêndio, à minha sorte
cruel, à confiança
sobre-humana com que falaste ao sapo
que saiu do esgoto, sem horror ou pena
ou exaltação, ao alento daquele poderoso
e suave lábio teu que consegue,
nomeando, criar: sapo flores relva rocha —
carvalho pronto a desfraldar-se sobre nós
quando a chuva dispersa o pólen das carnosas
pétalas de trevo e a chama se levanta.
(tradução: Geraldo H. Cavalcanti)
domingo, 8 de março de 2009
Livro Suspiros Poéticos e Saudades - Domingos José Gonçalves de Magalhães
.jpg)
A VOZ DE MINHA ALMA
Quando da noite o véu caliginoso
Do mundo me separa,
E da terra os limites encobrindo,
Vagar deixa minha alma no infinito,
Como um subtil vapor no aéreo espaço,
Uma angélica voz misteriosa
Em torno de mim soa,
Como o som de uma frauta harmoniosa,
Que em sagradas abóbadas reboa.
Donde vem esta voz? — Não é de virgem,
Que ao prazo dado o bem-amado aguarda,
E mavioso canto aos céus envia;
Esta voz tem mais grata melodia!
Donde vem esta voz? — Não é dos Anjos,
Que leves no ar adejam,
E com hinos alegres se festejam,
Quando uma alma inocente
Deixa do barro a habitação escura,
E na sidérea altura,
Como um astro fulgente
Penetra de Adonai o aposento;
A voz que escuto tem mais triste acento.
Como d’ara turícrema se exalça
Nuvem de grato aroma que a circunda,
E lenta vai subindo
Em faixas ondeantes,
Nos ares espargindo
Partículas fragrantes,
E sobe, e sobe, até no céu perder-se,
Tal de mim esta voz parece erguer-se.
Sim, esta voz do peito meu se exala!
Esta voz é minha alma que se espraia,
É minha alma que geme, e que murmura,
Como um órgão no templo solitário;
Minha alma, que o infinito só procura,
E em suspiros de amor a seu Deus se ala.
Como surdo até hoje
Fui eu a tão angélica harmonia?
Porventura minha alma muda esteve?
Ou foram porventura meus ouvidos
Até hoje rebeldes?
Perdoa-me, oh meu Deus, eu não sabia!
Eram Anjos do céu que me inspiravam,
E outras vozes meus lábios modulavam.
Castas Virgens da Grécia,
Que os sacros bosques habitais do Pindo!
Oh Numes tão fagueiros,
Que o berço me embalastes
Com risos lisonjeiros,
Assaz a infância minha fascinastes.
Guardai os louros vossos,
Guardai-os, sim, qu’eu hoje os renuncio.
Adeus, ficções de Homero!
Deixai, deixai minha alma
Em seus novos delírios engolfar-se,
Sonhar co’as terras do seu pátrio Rio.
Só de suspiros coroar-me quero,
De saudades, de ramos de cipreste;
Só quero suspirar, gemer só quero,
E um cântico formar co’os meus suspiros;
Assim pela aura matinal vibrado
O Anemocórdio, ao ramo pendurado,
Em cada corda geme,
E a selva peja de harmonia estreme.
Livro Espumas Flutuantes - Castro Alves

ERA POR UMA dessas tardes em que o azul do céu oriental -- é pálido e saudoso, em que o rumor do vento nas vergas -- e monótono e cadente, e o quebro da vaga na amurada do navio -- e queixoso e tétrico.
Das bandas do ocidente o sol se atufava nos mares ''como um brigue em chamas..." e daquele vasto incêndio do crepúsculo alastrava-se a cabeça loura das ondas.
Além... os cerros de granito dessa formosa terra de Guanabara, vacilantes, a lutarem com a onda invasora de azul, que descia das alturas... recortavam-se indecisos na penumbra do horizonte.
Longe, inda mais longe... os cimos fantásticos da serra dos Órgãos embebiam-se na distância sumiam-se, abismavam-se numa espécie de naufrágio celeste.
Só e triste, encostado à borda do navio, eu seguia com os olhos aquele esvaecimento indefinido e minha alma apegava-se à forma vacilante das montanhas -- derradeiras atalaias dos meus arraiais da mocidade.
E que lá, dessas terras do sul, para onde eu levara o fogo de todos os entusiasmos, o viço de todas as ilusões, os meus vinte anos de seiva e de mocidade, as minhas esperanças de glória e de futuro;. . . é que dessas terras do sul, onde eu penetrara "como o moço Rafael subindo as escadas do Vaticano";... volvia agora silencioso e alquebrado... trazendo por única ambição -- a esperança de repouso em minha pátria.
Foi então que, em face destas duas tristezas -- a noite que descia dos céus, -- a solidão que subia do oceano -- , recordei-me de vós, ó meus amigos!
E tive pena de lembrar que em breve nada restaria do peregrino na terra hospitaleira, onde vagara; nem sequer a lembrança desta alma, que convosco e por vós vivera e sentira, gemera e cantara. . .
Ó espíritos errantes sobre a terra! Ó velas enfunadas sobre os mares!.. . Vós bem sabeis quanto sais efêmeros... -- passageiros que vos absorveis no espaço escuro, ou no escuro esquecimento.
E quando -- comediantes do infinito -- vos obumbrais nos bastidores do abismo, o que resta de vós?
-- Uma esteira de espumas.. -- flores perdidas na vasta indiferença do oceano. -- Um punhado de versos... -- espumas flutuantes no dorso fero da vida!...
E o que são na verdade estes meus cantos?...
Como as espumas, que nascem do mar e do céu, da vaga e do vento, eles são filhos da musa -- este sopro do alto: do coração _ este pélago da alma.
E como as espumas são, às vezes, a flora sombria da tempestade, eles por vezes rebentaram ao estalar fatídico do látego da desgraça
E como também o aljofre dourado das espumas reflete as opalas, rutilantes do arco-íris, eles por acaso refletiram o prisma fantástico da ventura ou do entusiasmo -- estes signos brilhantes da aliança de Deus com a juventude!
Mas, como as espumas flutuantes levam, boiando nas solidões marinhas, a lágrima saudosa do marujo... possam eles, ó meus amigos! -- efêmeros filhos de minh'alma -- levar uma lembrança de mim às vossas plagas!
CASTRO ALVES
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