sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Livro A Pedra do Reino - Ariano Suassuna


Ariano Suassuna é um dos mais importantes dramaturgos brasileiros, autor dos célebres Auto da Compadecida e A Pedra do Reino, é um defensor militante da cultura do Nordeste
Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta é um romance do escritor brasileiro Ariano Suassuna, publicado em 1971.
É inspirado em um episódio ocorrido no século XIX, no município sertanejo de São José do Belmonte, a 470 quilômetros do Recife, onde uma seita, em 1836, tentou fazer ressurgir o rei Dom Sebastião - transformado em lenda em Portugal depois de desaparecer na África (Batalha de Alcácer-Quibir): sob domínio espanhol, os portugueses sonhavam com a volta do rei que restituiria a nação tomada à força. O sentimento sebastianista ainda hoje é lembrado em Pernambuco, durante a Cavalgada da Pedra do Reino, por manifestação popular que acontece anualmente no local onde inocentes foram sacrificados pela volta do rei.
Suassuna iniciou o Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, seu nome completo, em 1958 para concluí-lo somente uma década depois, quando o autor percebeu o que o levou a escrever o romance: a morte do pai, quando tinha apenas três anos de idade – tragédia pessoal presente na literatura de Suassuna, e a redenção do seu "rei" – uma reação contra o conceito vigente na época, segundo o qual as forças rurais eram o obscurantismo (o mal) e o urbano o progresso (o bem).
A história, baseada na cultura popular nordestina e inspirada na literatura de cordel, nos repentes e nas emboladas, é dedicada ao pai do autor e a mais doze “cavaleiros”, entre eles Euclides da Cunha, Antônio Conselheiro e José Lins do Rego.
Um "romance-memorial-poema-folhetim", como definiu o poeta Carlos Drummond de Andrade, narrado pelo seu protagonista, Dom Pedro Dinis Ferreira Quaderna, que constrói um monumento literário à cultura caboclo-sertaneja nordestina, marcada pelas tradições do mundo ibérico (Portugal e Espanha), trazidas pelos primeiros colonizadores europeus e transfeitas ao longo dos séculos. Segundo observação do crítico literário João Hernesto Weber, na obra podem ser encontradas "duas distintas tradições a informarem a concepção de mundo do herói: a tradição mítico-sertaneja e a tradição erudita".
O personagem-narrador, Quaderna, é preso em Taperoá por subversão, faz sua própria defesa perante o corregedor e, para tanto, relata a história de sua família, escrita na prisão. Declara-se descendente de legítimos reis brasileiros, castanhos e "cabras" da Pedra do Reino - sem relação com os "imperadores estrangeiros e falsificados da Casa de Bragança" - e conta o seu envolvimento com as lutas e as desavenças políticas, literárias e filosóficas no seu reino.
Na época do seu lançamento, o livro foi considerado um marco da literatura nordestina, após o ciclo do romance regional de 1930. A obra foi adaptada para o cinema, o teatro e a televisão

Veja também a adaptação feita para o a a televisão....


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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Livro A Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade



Publicado originalmente em 1945, A ROSA DO POVO, revela, em grande parte de seus poemas, a plena maturidade do poeta Drummond, representando o auge de um processo que tem suas origens em Sentimento do Mundo, seu livro anterior. Em contraponto a uma realidade de guerras e genocídio e à ditadura do Estado Novo, A ROSA DO POVO surge trazendo a solidariedade entre os homens e a busca de uma identidade particular em um mundo em crise como temas principais.
Considerado pela crítica como um dos livros mais fortes e significativos de Carlos Drummond, A ROSA DO POVO, possui uma riqueza inigualável de ritmos e harmonia em seus versos, atingindo a oralidade de um poema que poderia ser lido em praça pública. "Não rimará sono com outono", diz o poeta em um de seus versos, recusando assim a obrigação da rima com belíssimos versos livres.
Alguns poemas de A ROSA DO POVO como Retrato de Família e Rua da Madrugada, revelam um Drummond mais voltado para si, em plena maturidade poética. Essa característica, que também mostra o poeta mais ligado à família e à sua terra, explica o porque da rua universal de Itabira, sua cidade natal, que começa na própria e termina em qualquer lugar do mundo, como explica em um de seus poemas. Pela rua do poeta passam índios, negros, mexicanos, turcos e uruguaios, comprovando sua universalidade.
O tom dos poemas de A ROSA DO POVO é nitidamente mais metafísico que de seus livros anteriores, estando a poesia menos ligada ao presente e mais interessada na essência da vida. Apesar da aparente contradição inicial, onde predomina a abordagem de temas políticos, a opção do poeta acaba ficando nítida quando adquire a consciência de que a poesia se faz principalmente com a palavra, e não com fatos, e escolhe uma causa superior a um partido ou à uma ideologia - essa causa é o homem.
O conflito de Drummond em A ROSA DO POVO é o mesmo de qualquer ser humano: "Eu versus Mundo", como ele mesmo diz, é a circunstância que provoca uma reflexão poética sobre o indivíduo. A obra do poeta acaba descrevendo a trajetória de um personagem gauche, o próprio autor, em três atos, que se seguem:

Eu maior que o Mundo
Eu menor que o Mundo
Eu igual ao Mundo

A ROSA DO POVO é um livro crucial na obra de Carlos Drummond de Andrade e sua releitura revela a permanente contemporaneidade de sua poesia.


Fontetexto:http://www.record.com.br/detalhe.asptitulolivro=3671&busca_tipo=T&busca_palavra=a%20rosa%20do%20povo

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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Livro Romeu e Julieta - William Shakespeare




O enredo passa-se em Verona, Itália, por volta do ano 1500 e trata os amores de um casal de jovens (Romeu e Julieta), que apesar de serem provenientes de famílias rivais, se apaixonam um pelo outro. Nesta história as lutas de espada, o disfarce, os equívocos, a tragédia , o humor e a linguagem da paixão simbolizam, no seu conjunto, o amor verdadeiro. Duas poderosas famílias (os Montagues e os Capulet) são inimigas há muitos anos. O velho Capulet, pai de Julieta, dá uma grande festa para a qual convida todos os amigos da família. Como é evidente, a família dos Montagues não faz parte da lista dos convidados. Entretanto, como Romeu Montagues anda interessado em Rosaline, uma jovem que foi convidada para a festa e arranja um plano para a poder ver durante essa festa. Assim, Romeu entra disfarçado na casa dos inimigos da sua família. Já lá dentro, a sua atenção vai para Julieta, e não para Rosaline. Apaixona-se de imediato e fica muito desiludido quando sabe que Julieta é uma Capulet. Romeu também não passa despercebido a Julieta, mas ela não sabe que ele é um Montagues. Mais tarde, depois de descobrir que o jovem por quem está apaixonada é o filho da família inimiga, Julieta vai para a varanda e conta às estrelas que tem um amor proibido. Romeu, escondido nuns arbustos por baixo da varanda, ouve as confissões de Julieta e não resiste. Apresenta-se a Julieta e diz-lhe que também está apaixonado por ela. Com a ajuda de um amigo de Romeu – Frei Lawrence-, Romeu e Julieta casam-se secretamente no dia seguinte. No dia do casamento dois amigos de Romeu, Benvolio e Mercutio, passeiam pelas ruas de Verona e encontram-se com Tybalt, primo de Julieta. Tybolt, que ouvira dizer que Romeu tinha estado presente na casa de seus tios, anda à procura deste para se vingar e discute com os amigos de Romeu. Entretanto Romeu aparece e faz perceber que não se quer meter em brigas. Porém, os seus amigos não percebem a atitude de Romeu e Mercuito resolve defender a honra do amigo, e começa um duelo com Tybalt. Mercuito cai por terra, morto. Romeu vinga o seu amigo matando Tybalt com um golpe de espada. Este golpe faz com que Romeu seja ainda mais odiado pelos Capulets. O príncipe de Verona expulsa Romeu da cidade, que se vê forçado a deixar Julieta, que sofre imenso com toda esta história. O pai de Julieta, que não sabia do seu casamento com Romeu, resolve casá-la com um jovem chamado Paris. Desesperada, Julieta pede ajuda a Frei Laurence, que a aconselha a concordar com o casamento. Diz-lhe que na manhã do casamento Julieta deverá beber uma poção que ele lhe vai preparar. A poção fará com que Julieta pareça morta e ela será levada para o jazigo de família dos Capulet. Então o Frei mandará Romeu ter com ela para a salvar. Julieta faz tudo o que o Frei a manda fazer e é deixada no jazigo, tal como estava previsto. Antes que o Frei possa falar com Romeu, este ouve a notícia da morte de Julieta. Desfeito de dor, Romeu compra um frasco de veneno e vai até ao jazigo onde se encontra Julieta para morrer ao lado da sua amada. À porta do jazigo encontra Paris e é forçado a lutar com ele, acabando por o matar, pois nada o poderá deter de se juntar a Julieta. Já dentro do jazigo, Romeu bebe o veneno e morre ao lado da sua amada. Momentos depois, Julieta acorda e vê a seu lado, o corpo morto de seu marido. O Frei entra e conta a Julieta o que se passou. Inesperadamente, Julieta pega no punhal de Romeu e mata-se, pois já não tem motivos para viver. A tragédia tem um grande impacto em ambas as famílias ( os Montagues e os Capulet). As duas famílias estão tão magoadas com a morte dos seus dois únicos descendentes, que decidem nunca mais lutar e fazem as pazes.

Leia o Livro e assista as adaptações feitas no cinema.

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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Livro O Mercador de Veneza - William Shakespeare




Trata-se de uma das obras mais polêmicas do célebre dramaturgo inglês. Escrito no findar dos anos 1500, época em que os judeus estiveram ausentes da Inglaterra (foram expulsos em 1290, e só seriam novamente aceitos em 1655), capta as chocantes caricaturas feitas pelos ingleses.
Em O Mercador de Veneza, o personagem que mais chama a atenção não é o mocinho, e sim o vilão, criado para dar um tom cômico à peça. Trata-se do agiota e judeu _ daí a polêmica _ Shylock, retratado comoindivíduo desprezível. A vítima, o cristão Antônio, cidadão bem sucedido de Veneza, faz um contrato atípico com o agiota, penhorando 453 gramas de sua própria carne. Agora, o vilão faz questão de tal medonha extração, o que levaria Antônio a morte. O que se observa é a velha e infeliz máxima anti-semita. O judeu do mal, quer sangue do bom cristão.
Durante anos, tal peça foi encenada, sempre ascendendo discussões, ou mesmo pregandoo anti-semitismo. Nos territórios nazistas, por exemplo, essa se tornou a peça mais popular de Shakespeare nos anos 30 e 40. Após a Segunda Guerra Mundial, a história tornou-se constrangedora e passou a ser exibida somente com interpretações mastigadas, tentando expor inclusive as mazelas do preconceito sofrido pelo próprio Shylock. O autor, em seu original, também busca trabalhar com o emocional do vilão, o mostrando como humano em suas características sentimentais. O fato é que o dramaturgo inglês foi certamente influenciado pela onda deletéria aos judeus, presente em sua época.
Todavia, é a índole e as convicções ideológicas do leitor ou do expectador de O mercador de Veneza, que vai relativizar ou aceitar a pilhagem antisemitaintegralmente.

Veja também o filme....



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Livro Macbeth - William Shakespeare



Macbeth é uma tragédia do dramaturgo inglês William Shakespeare, sobre um regicídio e suas consequências. É a tragédia shakesperiana mais curta, e acredita-se que tenha sido escrita entre 1603 e 1606, com 1607 como a última data possível. O primeiro relato de uma performance da peça é de abril de 1611, quando Simon Forman registrou tê-la visto no Globe Theatre, em Londres. A obra foi publicada pela primeira vez no Folio, de 1623, possivelmente a partir de uma transcrição de alguma performance específica.
As principais fontes de Shakespeare para a tragédia são os relatos dos reis Duff e Duncan nas Holinshed's Chronicles ("Crônicas de Holinshed", de 1587), uma história da Inglaterra, Escócia e Irlanda familiar a Shakespeare e seus contemporâneos, e pelos escritos do filósofo escocês Hector Boece.[1]
Nos mundo teatral anglófono, muitos acreditam que a peça é "amaldiçoada", e nem mesmo mencionam seu nome em voz alta, referindo-se a ela como "The Scottish play" ("A peça escocesa").
Ao longo dos séculos a peça atraiu alguns dos maiores atores de seu tempo para os papéis de Macbeth e Lady Macbeth. A obra já foi adaptada para o cinema, televisão, ópera, quadrinhos e muitas outras mídias. No cinema destacam-se as versões do italiano Mario Caserini (1908), a do austríaco Richard Oswald (1921), a do norte-americano Orson Welles (1948), a do japonês Akira Kurosawa (1957) e a do polonês Roman Polanski (1971).

Veja também os filmes, vá ao teatro.......

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Livro A divina Comédia - Dante Aligheri





A Divina Comédia:

Canto I

1 Nel mezzo del cammin di nostra vita
2 mi ritrovai per una selva oscura
3 ché la diritta via era smarrita.
4 Ahi quanto a dir qual era è cosa dura
5 esta selva selvaggia e aspra e forte
6 che nel pensier rinova la paura!
7 Tant'è amara che poco è più morte;
8 ma per trattar del ben ch'i' vi trovai,
9 dirò de l'altre cose ch'i' v'ho scorte.
10 Io non so ben ridir com'i' v'intrai,
11 tant'era pien di sonno a quel punto
12 che la verace via abbandonai.
13 Ma poi ch'i' fui al piè d'un colle giunto,
14 là dove terminava quella valle
15 che m'avea di paura il cor compunto,
16 guardai in alto, e vidi le sue spalle
17 vestite già de' raggi del pianeta
18 che mena dritto altrui per ogne calle.
19 Allor fu la paura un poco queta
20 che nel lago del cor m'era durata
Ilustração: Gustave Doré

Referencia de site: http://www.stelle.com.br/pt/index_original.html VISITEM É LINDO!!!!

No Parla Italiano? Eu também não... Mas tem o Download em português te esperando no link abaixo:

Download:

http://www.mediafire.com/?k1vdjttfnmm

"Deus" Aline C. Costa



" A Religião é o Ópio do Povo"

"Deus" queria tanto que existisse como unidade,
Que pudesse me embalar em teus braços e afagar minha cabeça.
Que me auxiliasse nas horas de desespero e dor,
Que não deixasse que nenhum mal caísse sob teus filhos,
Queria tanto que tua criação fosse perfeita
Sem doenças, lágrimas e angustia...
Porque nascer, trabalhar e morrer?
Porque fizeste uma sociedade de homens, onde o mais forte engole o mais fraco,
E o pobre morre nas filas de um governo burrocrático?
Porque tamanha existência, sem nexo e sem nenhuma significância
Se depois o que nos espera é a morte,
A nosso e a dos nossos entes queridos...
Meu "Deus".....
Porque não é para mim o misericordioso,
Aquele que abafa a dor com seu amor eterno,
Aquele que não falha, nem abandona...
Como as pessoas ainda conseguem crer em ti,
De tal forma e com tamanho zelo,
Depois de ver o noticiário,
Porque não és apagado de nossas mentes,
Porque a religião não é abolida do planeta,
Ela que nos cega com uma escritura fantástica
de mundos perdidos
e milagres irracionais...
Se teu filho pode levantar Lázaro,
e tu o que podes fazer então?
Ficar aí em cima,
Gordo e mal humorado,
em seu trono intocável,
com sua sabedoria única e intransferível
se esbaldando e rindo da nossa ignorância...
Mas és tão burro......
Porque quem criou isso tudo?
Tu o maior dos idiotas......
E agora na minha dor,
gargalho diante de tamanha burrice.....

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Amor.... Aline C. Costa


Quando penso em nós dois,
A primeira estrofe
do Soneto do Amor total,
Não me sai da mente.
Mesmo sabendo que não existe totalidade...
Porque pensar o amor?
Porque sofrer por amor?
Porque tanta raiva...
Raiva do que sonhas,
do que não tens,
por medo do que não virás.
E por te imaginar tão perfeito,
perco-te te emoldurando
em minhas concepções de amor...
O amor é abstrato,
mas meu pensamento é tão concreto....
Sinto que se não perder a concretude da vida,
perderei o teu amor,
e também o meu por ti...
Mas porque somos assim?
Tão inconstantes...
Tão medrosos....
Seguir caminhos opostos,
em linhas opostas,
não nos faz chegar a Roma...

(São apenas pensamentos ..................... de uma mente insana)

Soneto do Amor Total - Vinicius de Moraes



Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Livro O Pastor Amoroso - "Caeiro" Fernando Pessoa


O Pastor Amoroso perdeu o cajado,
E as ovelhas tresmalharam-se pela encosta,
E de tanto pensar, nem tocou a flauta que trouxe pira tocar.
Ninguém lhe apareceu ou desapareceu.
Nunca mais encontrou o cajado.
Outros, praguejando contra ele, recolheram-lhe as ovelhas.
Ninguém o tinha amado, afinal.
Quando se ergueu da encosta e da verdade falsa, viu tudo:
Os grandes vales cheios dos mesmos verdes de sempre,
As grandes montanhas longe, mais reais que qualquer sentimento,
A realidade toda, com o céu e o ar e os campos que existem, estão presentes.
(E de novo o ar, que lhe faltara tanto tempo, lhe entrou fresco nos pulmões)
E sentiu que de novo o ar lhe abria, mas com dor, uma liberdade no peito.

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http://www.mediafire.com/?meyaymo1zvj


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Livro A Mensagem - Fernando Pessoa




A principal obra de "Pessoa ele-mesmo" é Mensagem, uma coletânea de poemas sobre os grandes personagens históricos portugueses. O livro foi, também, o único a ser publicado enquanto foi vivo.

Na obra, Fernando Pessoa expressou por outras palavras a necessidade de provocar, de lutar contra as adversidades, de não ter medo de ir contra a corrente e de defender o que se acha justo e perfeito: “Para passar o Bojador / Há que passar além da dor / Deus ao mar o perigo e o abismo deu / Mas também foi nele que espelhou o céu.”

Numa ode patriótica composta entre os anos 20 e 30, de demorada elaboração, intitulado Mensagem, o poeta Fernando Pessoa imaginou a Europa como um corpo de mulher. Estendida, tinha ela um dos seus cotovelos, o direito, fincado na Inglaterra e o outro, o esquerdo, recuado, na Península italiana, cabendo a Portugal ser o rosto nesta hipotética figuração. Pode não ter sido o rosto, mas a posição geográfica de Portugal, pequena faixa de terra voltada para a imensidão do Oceano à sua frente, condicionou seu destino por quase cinco séculos.

Mensagem nada mais é do que Portugal virado para a Europa, mas da sua orla, do seu Atlântico feito universalidade. É um livro com uma finalidade universalista, como se pode perceber pelo que foi dito antes. Um poema trinitário, onde se propõem uma síntese – o cerne da nobreza; uma antítese – a posse do mar; e uma síntese – a futura civilização intelectual. Resumo de oito séculos, não é só poesia que exalta, mas sobretudo poesia que obscurece para iluminar, pelas regras dos alquimistas.

Nota preliminar da obra

O entendimento dos símbolos e dos rituais (simbólicos) exige do intérprete que possua cinco qualidades ou condições, sem as quais os símbolos serão para ele mortos, e ele um morto para eles.

A primeira é a simpatia; não direi a primeira em tempo, mas a primeira conforme vou citando, e cito por graus de simplicidade. Tem o intérprete que sentir simpatia pelo símbolo que se propõe interpretar.

A segunda é a intuição. A simpatia pode auxiliá-la, se ela já existe, porém não criá-la. Por intuição se entende aquela espécie de entendimento com que se sente o que está além do símbolo, sem que se veja.

A terceira é a inteligência. A inteligência analisa, decompõe, reconstrói noutro nível o símbolo; tem, porém, que fazê-lo depois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi erudição, como poderia no exame dos símbolos, é o de relacionar no alto o que está de acordo com a relação que está embaixo. Não poderá fazer isto se a simpatia não tiver lembrado essa relação, se a intuição a não tiver estabelecido. Então a inteligência, de discursiva que naturalmente é, se tornará analógica, e o símbolo poderá ser interpretado.

A quarta é a compreensão, entendendo por esta palavra o conhecimento de outras matérias, que permitam que o símbolo seja iluminado por várias luzes, relacionado com vários outros símbolos, pois que, no fundo, é tudo o mesmo. Não direi erudição, como poderia ter dito, pois a erudição é uma soma; nem direi cultura, pois a cultura é uma síntese; e a compreensão é uma vida. Assim certos símbolos não podem ser bem entendidos se não houver antes, ou no mesmo tempo, o entendimento de símbolos diferentes.

A quinta é a menos definível. Direi talvez, falando a uns, que é a graça, falando a outros, que é a mão do Superior Incógnito, falando a terceiros, que é o Conhecimento e a Conversação do Santo Anjo da Guarda, entendendo cada uma destas coisas, que são a mesma da maneira como as entendem aqueles que delas usam, falando ou escrevendo.

Estrutura da obra

Os poemas do livro estão organizados de forma a compor uma epopéia fragmentária, em que o conjunto dos textos líricos acaba formando um elogio de teor épico a Portugal. Traçando a história do seu país, Pessoa envereda por um nacionalismo místico de caráter sebastianista.

O livro Mensagem está dividido em três partes: O Brasão, como primeira parte, representando em símbolo a nobreza na sua essência. Essa nobreza age no passado na segunda parte, O Mar Português e no futuro na terceira, O Encoberto. Três elocuções em latim acompanham cada parte, no seu inicio. Bellum sine bello para a primeira, ou seja, Guerra sem Guerrear, potência sem ato, a parte que se mantém sempre eterna, como nobreza e caráter. Possesio Maris para a segunda, ou seja, a nobreza que toma e possui com um ato, mas que com esse ato não se esgota minimamente – apenas é uma posse do mar, o ter e não o ser. É na terceira parte, na Pax in Excelsis, paz nas alturas, em que o homem se ultrapassa finalmente a si mesmo e se realiza plenamente no que sempre foi.

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domingo, 25 de janeiro de 2009

Livro Os Lusíadas - Camões


Os Lusíadas é uma obra poética escrita por Luís Vaz de Camões, considerada a epopeia portuguesa por excelência. Provavelmente concluída em 1556, foi publicada pela primeira vez em 1572 no período literário do classicismo, três anos após o regresso do autor do Oriente.
A obra é composta de dez cantos, 1102 estrofes que são oitavas decassílabas, sujeitas ao esquema rímico fixo AB AB AB CC – oitava rima camoniana. A acção central é a descoberta do caminho marítimo para a Índia por Vasco da Gama, à volta da qual se vão descrevendo outros episódios da história de Portugal, glorificando o povo português.

Estrutura do Poema:

A estrutura externa refere-se à análise formal do poema: número de estrofes, número de versos por estrofe, número de sílabas métricas, tipos de rimas, ritmo, figuras de estilo, etc. Assim:

Os Lusíadas é constituído por dez partes, liricamente chamadas de cantos; cada canto possui um número variável de estrofes (em média, 110); as estrofes são oitavas, tendo portanto oito versos; a rima é cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada nos dois últimos (AB AB AB CC, ver na citação ao lado); cada verso é constituído por dez sílabas métricas (decassilábico), nas sua maioria heróicas (acentuadas nas sextas e décimas sílabas).
Sendo Os Lusíadas um texto renascentista, não poderia deixar de seguir a estética grega que dava particular importância ao número de ouro. Assim, o clímax da narrativa, a chegada à Índia, foi colocada no ponto que divide a obra na proporção áurea (início do Canto VII).
A estrutura interna relaciona-se com o conteúdo do texto. Esta obra mostra ser uma epopeia clássica ao dividir-se em quatro partes:

Proposição - introdução, apresentação do assunto e dos heróis (estrofes 1 a 3 do Canto I);
Invocação - o poeta invoca as ninfas do Tejo e pede-lhes a inspiração para escrever (estrofes 4 e 5 do Canto I);
Dedicatória - o poeta dedica a obra ao rei D. Sebastião (estrofes 6 a 18 do Canto I);
Narração - a narrativa da viagem, in medias res, partindo do meio da acção para voltar atrás no tempo e explicar o que aconteceu até ao momento na viagem de Vasco de Gama e na história de Portugal, e depois prosseguir na linha temporal.
Por fim, há um epílogo a concluir a obra (estrofes 145 a 156 do Canto X).

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http://www.mediafire.com/?trqrmrgreyl

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Livro Poemas Inconjuntos - Caeiro F.Pessoa


POEMAS INCONJUNTOS

Dizes-me: tu és mais alguma cousa
Que uma pedra ou uma planta.
Dizes-me: sentes, pensas e sabes
Que pensas e sentes,
Então as pedras escrevem versos?
Então as plantas têm idéias sobre o mundo?

Sim: há uma diferença.
Mas não é a diferença que encontras;
Porque o ter consciência não me obriga a ter teorias sobre as cousas;
Só me obriga a ser consciente.

Se sou mais que uma pedra ou uma planta? Não sei.
Sou diferente. Não sei o que é mais ou menos.

Ter consciência é mais que ter côr?
Pode ser e pode não ser.
Sei que é diferente apenas.
Ninguém pode provar que é mais que só diferente.

Sei que a pedra é a real, e que a planta existe.
Sei isto porque elas existem.
Sei isto porque os meus sentidos mo mostram.
Sei que sou real também.
Sei isto porque os meus sentidos mo mostram,
Embora com menos clareza que me mostram a pedra e a planta.
Não sei mais nada.
(...)

Isto é só uma amostra, quer saber mais? Faça o Download do poema completo:

Download:

http://www.mediafire.com/?md5wjeomym5

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Iluminação .... Aline C. Costa




A dor que sinto agora,
pensei em tempos áureos não agüentá-la.
Perdi o discernimento da vida e da morte,
nada mais me importa;
tando faz o tudo como o nada.
Porque em mim,
apenas um oco se instala.

Pensamos ser o amor;
o remédio para todas as dores.
Pensamos o ser amado, como um Deus misericordioso.
Mas quando a misericórdia lhe é falha,
Deus desaparece como nuvem...

Momentos lindos vivemos,
noutros morremos,
e com o tempo perde-se a identidade,
a forma,
o ser,
e ao pó, vês refletida a face,
que outrora ria e se sentia segura...
Não existe segurança,
não existe compaixão...

Se acreditas na iluminação,
corra atrás dos sonhos que sonhava,
corra atrás da serenidade que perdeste,
mas se um dia a encontrou,
e agora deixaste que o mundo a tirasse das mãos,
Perceberás que ela é como água,
Alimenta,
Te reflete o rosto,
mas escoa pelas mãos,
em um cismar de pensamentos obscuros, ou quando a dor ultrapassa a luz...

Vá de encontro com o sagrado,
porque na Terra,
só desgraça e degeneração...
E nem a morte salva,
nem a vida ilumina,
apenas a abstração dos sentimentos,
dos outros,
e do próprio ser...

Vá de encontro ao seu eu perdido,
mas se encontrares esse eu,
estarás ainda mais distante do que almejas...
E Jesus disse a mãe:
Não és minha mãe e meu caminho pertence ao pai.
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Matéria passada, espírito do futuro... Akira


O ferro de engomar como se fosse um galo de costas para a rua, em Marcelo de outro tempo, do parapeito da janela, em pleno vento matutino, cheio de brasas vermelhas: assim eram as roupas da memória.
A abertura visual do sonho lançando tudo para um horizonte de vertigens: vi aí as cores ardentes do alucinado que certo dia despertou e voltou a dormir com olhos entreabertos.
Sou da matéria passada, espírito do futuro!

Ninguém! Akira


Ninguém!

Na escolha e na espera está a miséria!
Não veremos nunca a paisagem além da montanha,
Não teremos o coração rejuvenescido do doce ideal,
Nem provaremos o alimento capaz de nutrir nossas
entranhas mais profundas!

Certo dia supomos ser alguma coisa, e um relâmpago nos rompe por dentro: algo que pensávamos não ser, somos! Podemos chegar a ser possuídos por nós mesmos... Nasce, então, algo tão selvagem e diabólico quanto o primitivo que nunca abandonamos, e começamos nossa nova guerra pela claridade. Cada ideal tomba, cada amor, cada apego, cada fantasia. E vem a morte por fim e nos toma a vida! Mas nada se perde...

Só há um único segredo: quem de fato fez a pergunta sobre o segredo único?

Ninguém!

Civilização ocidental - Agostinho Neto




Latas pregadas em paus
fixados na terra
fazem a casa

Os farrapos completam
a paisagem íntima

O sol atravessando as frestas
acorda o seu habitante

Depois as doze horas de trabalho
Escravo

Britar pedra
acarretar pedra
britar pedra
acarretar pedra
ao sol
à chuva
britar pedra
acarretar pedra

A velhice vem cedo

Uma esteira nas noites escuras
basta para ele morrer
grato
e de fome.

Adeus à hora da largada - Agostinho Neto




Minha Mãe
(todas as mães negras
cujos filhos partiram)
tu me ensinaste a esperar
como esperaste nas horas difíceis

Mas a vida
matou em mim essa mística esperança

Eu já não espero
sou aquele por quem se espera

Sou eu minha Mãe
a esperança somos nós
os teus filhos
partidos para uma fé que alimenta a vida

Hoje
somos as crianças nuas das sanzalas do mato
os garotos sem escola a jogar a bola de trapos
nos areais ao meio-dia
somos nós mesmos
os contratados a queimar vidas nos cafezais
os homens negros ignorantes
que devem respeitar o homem branco
e temer o rico

somos os teus filhos
dos bairros de pretos
além aonde não chega a luz elétrica
os homens bêbedos a cair
abandonados ao ritmo dum batuque de morte
teus filhos
com fome
com sede
com vergonha de te chamarmos Mãe
com medo de atravessar as ruas
com medo dos homens
nós mesmos

Amanhã
entoaremos hinos à liberdade
quando comemorarmos
a data da abolição desta escravatura

Nós vamos em busca de luz
os teus filhos Mãe
(todas as mães negras
cujos filhos partiram)
Vão em busca de vida.

Consciencialização - Agostinho Neto



Medo no ar!

Em cada esquina
sentinelas vigilantes incendeiam olhares
em cada casa
se substituem apressadamente os fechos velhos
das portas
e em cada consciência
fervilha o temor de se ouvir a si mesma

A historia está a ser contada
de novo

Medo no ar!

Acontece que eu
homem humilde
ainda mais humilde na pele negra
me regresso África
para mim
com os olhos secos.

O Velho E A Flor - Vinicius de Moraes




Por céus e mares eu andei
Vi um poeta e vi um rei
Na esperança de saber o que é o amor
Ninguém sabia me dizer
E eu já queria até morrer
Quando um velhinho com uma flor assim falou:

O amor é o carinho
É o espinho que não se vê em cada flor
É a vida quando
Chega sangrando
Aberta em pétalas de amor

sábado, 24 de janeiro de 2009

Quero.... Aline C. Costa




Poder contar contigo nas horas de tristeza;
Sentir seu hálito ao amanhecer;
Dormir ao teu lado de conchinha;
Não ter que me esconder atrás daquilo que não sou...

Quero....
Ver a aurora boreal.
O meu pai abençoando nosso enlace.
Que me compreendas, mesmo que difícil for.
Que sinta a minha dor;
E respeite minhas fraquezas.

Estar contigo,
Mesmo que a distancia.
Compreender seu abstrato mundo e
Que compreendas o meu concreto.
Que não espere de mim mais do que eu possa ser.
Que afagues meus cabelos,
Quando as lágrimas brotarem do meu rosto.
Que não digas nada,
Apenas respeite.

Quero!
Ainda estar presente na menina dos teus olhos,
e ver refletida no verde mar o azul cerúleo...
Por que somos assim:
Céu e Mar...
Que se encontram sempre no infinito,
Por mais distante que sejamos em pensamentos,
Por mais diferentes que sejamos como pessoa,
Por não termos as mesmas fraquezas,
e nem as mesmas vontades.

Ainda quero estar presente.
Mas...se não conseguires conviver com a minha dor,
Imperfeição e
Erros,
Quero que procures a felicidade
Em outros olhos que não os meus....
Porque o meu coração,
Já está petrificado,
E o que me resta é apenas desperança
Em um ser inexistente.
....

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Audio Livro - João Cabral de Melo Neto por Ele Mesmo




Notícia do Alto Sertão

Por trás do que lembro,
ouvi de uma terra desertada,
vaziada, não vazia,
mais que seca, calcinada.
De onde tudo fugia,
onde só pedra é que ficava,
pedras e poucos homens
com raízes de pedra, ou de cabra.
Lá o céu perdia as nuvens,
derradeiras de suas aves;
as árvores, a sombra,
que nelas já não pousava.
Tudo o que não fugia,
gaviões, urubus, plantas bravas,
a terra devastada
ainda mais fundo devastava.

Download do Cd:

http://www.mediafire.com/?yzjdqjokjyd

.....

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Apenas Eu..... Aline C. Costa




Hoje chorei ao ouvi-lo no telefone,
chorei pelo não sabido,
pela irracionalidade,
pela ignorância...

Hoje chorei, chorei ao rires no aparelho conversando com a irmã de longa data
A irmã que te embalou nos braços quando criança
ouviu suas primeiras palavras
que assistiu o seu namoro,
seu casamento,
o nascimento do primeiro filho
a primeira embriagues.

Chorei por não se saber doente;
por não saber a gravidade,
ou até mesmo o nome popular do que tens...
Apenas ouviste:
Neoplasia orofaringe com metástase na cervical...
Acho até que achou um belo nome...
Neoplasia orofaringe com metástase na cervical...

Não agüentei.........
Não suportei ouvi-lo
Minhas lágrimas escorreram dos olhos,
Minha garganta fechou,
Meu coração comprimiu...
E apenas chorei....

Chorei no vizinho amigo,
Chorei e chorei....
Mas saiba:
Acredito na tua força,
E por mais que tentes se passar por ignorante
Sei que pulsa um homem sábio dentro de ti...
E ignorantes somos nós...
Por não saber lidar com esse nome tão ridículo:
Neoplasia orofaringe com metástase na cervical...

Livro - Carta de Pero Vaz de Caminha



A célebre "Carta do Achamento do Brasil" foi escrita por Pero Vaz de Caminha em Porto Seguro, entre 26 de abril e 12 de maio de 1500. O escrivão só interrompeu o trabalho no dia 29, quando ajudou o capitão-mor a reorganizar os suprimentos da frota.
Enquanto o restante da armada seguiu para a Índia, o navio de Gaspar de Lemos foi despachado por Cabral para Lisboa, ao fim da estadia no Brasil, em 2 de maio. Por meio dele, a carta chegou ao seu destinatário. Das mãos de dom Manuel 1o, passou à secretaria de Estado como documento secreto, pois se queria evitar que chegasse aos espanhóis a notícia do descobrimento.
Anos mais tarde, o documento foi enviado para o arquivo nacional, localizado na Torre do Tombo do castelo de Lisboa ("tombo" tem aí o sentido de conservação, como quando se fala, por exemplo, em tombamento de uma cidade histórica). No arquivo, o manuscrito de Caminha - 27 páginas de papel, com formato de 29,6 cm X 29,9 cm - repousou esquecido durante os séculos seguintes.

O documento volta ao Brasil


Somente em 1773, o diretor do arquivo, José Seabra da Silva, mandou fazer uma nova cópia da Carta do Achamento. Seabra tinha ligações familiares com o Brasil. Supõe-se que por meio dele o texto de Caminha tenha chegado aqui, possivelmente com a sua transferência para o Rio de Janeiro quando acompanhou a família real portuguesa.

Essa cópia da carta foi encontrada no Arquivo da Marinha Real do Rio de Janeiro pelo padre Manuel Aires do Casal, que a imprimiu em 1817, tornando-a pública pela primeira vez. O documento ganhou particular importância para o Brasil com a Independência, em 1822.

Para o novo país, tratava-se do manuscrito que encerrava o primeiro registro de sua existência. Além disso, no século 19, com o desenvolvimento dos estudos históricos, os estudiosos reconheceram o valor dos documentos escritos como fontes privilegiadas para o conhecimento da história.


Análise lingüística

Isso se deve ao fato de o português do início do século 16 estar bem distante do português tal qual é falado hoje em dia. Alteraram-se os sons ou os significados de algumas palavras, outras caíram em desuso, novos termos apareceram.
É o caso de "achamento", usado no século 16, e substituído por "descobrimento" nos dias de hoje.
Mas a simples transcrição de um trecho do original de Caminha pode deixar mais clara a ação do tempo sobre a língua e revelar o abismo histórico que se abriu entre o português do escrivão e o nosso:
"Posto que o capitam moor, desta vossa frota e asy os outros capitaães screpuam a vossa alteza a noua do achamento desta vossa terra noua que se ora neesta nauegaçam achou, nom leixarey tambem de dar disso minha comta avossa alteza asy como eu milhar poder aimda que pera o bem contar e falar o saiba pior que todos fazer."

Texto rico e envolvente


Como o português empregado por Caminha é muito diferente do atual, não se pode ter certeza do significado de algumas palavras empregadas pelo autor.
No caso de outras, sua significação simplesmente se perdeu no tempo. Há passagens da carta cuja compreensão depende das interpretações que os estudiosos propõem para preencher essas lacunas.
Felizmente, esses problemas não chegam a prejudicar a compreensão do texto como um todo. Nem impedem que se possa "traduzi-lo" para o português de hoje.
Com a intenção de informar ao rei o descobrimento e apresentar-lhe o que aqui se encontrou, o estilo do autor é claro e marcado pela objetividade, como convém a quem escreve um relatório.
Mas o texto acaba sendo mais do que isso, pois o escrivão não se comportou como um simples burocrata. Sua linguagem nunca é seca ou mesquinha. Pelo contrario, Caminha se dá o direito de ser bem-humorado, fazendo até trocadilhos e brincadeiras ao comparar o corpo das índias com o das mulheres portuguesas.
Além disso, a grande riqueza de detalhes e as impressões do autor sobre aquilo que via dão ao relato vida e uma grande dimensão humana, Caminha acompanha não somente as ações do índios e europeus, mas também as reações e atitudes que cada grupo tem em relação ao outro, chegando a perceber as emoções que o contato desperta em ambos.
Assim, por meio da sua narrativa o leitor parece entrar numa máquina do tempo e presenciar o momento em que portugueses e índios se encontraram no litoral baiano, quinhentos anos atrás.

Duplo valor histórico


A carta apresenta também um duplo valor histórico. De um lado, tem a importância de ser o registro documental do descobrimento ou da entrada do Brasil na história universal, constituindo uma espécie de certidão de nascimento do nosso país. De outro, tem o mérito de revelar que a história se faz também a partir de fatos corriqueiros (como o "baile" organizado por Diogo Dias e seu gaiteiro), protagonizados por pessoas comuns e sem intenções de grandiosidade e heroísmo.

Fonte do texto: http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1702u57.jhtm

Download:

http://www.mediafire.com/?zduwiemo22f

Egoísta - Aline C. Costa



Diz-me, por favor, se egoísta és?
Se não, pensas no filho a perder, ou no pai a morrer...
Se as lágrimas brotarem aos olhos
E o coração desejar-lhes a presença
Mesmo que doentes ou paralíticos...
És o pior dos egoístas,
Pois és em ti que pensas.

Sou humano,
Tenho medo,
Tenho dor,
Mas a aqueles que amo, quero ao meu lado
mesmo que melhor não for...

Ser egoísta,
Não é tão mal assim,
Mas a matéria, perene não é,
E a morte é o nosso fim.

Por mais iluminado
Jesus na cruz aclamou
Pelo Pai que sempre acreditou
Mas em teus braços não o ancorou...

Imagines tu, que na cruz não estás
Penses naquele Pai,
se um dia vai te ajudar...

Por isso,
Quando vir teus entes a sofrer
Não se apegue a matéria
pois um dia há de morrer...

E lá no assento etéreo
para onde as almas irão
Perderão toda a memória
e os amores morrerão.

Por mais que te doa a verdade,
que nada és, somente carne...
Em espírito serás apenas espírito,
e dos vivos não lembrarão.

Podes discordar de tais palavras,
A religião está a salvar
As almas desavisadas
Que mais tarde sofrerá.

Mas a memória de dias felizes
Estas talvez levarás
e enquanto a tiveres acessa
teus filhos e pais amarás.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Filosofia - JG de Araujo Jorge



Você quer mesmo saber
como a vida se levar?
Pois é... primeiro viver
e depois, filosofar...

Diz que é rico... Pode ser...
Mas pode ser que não seja...
Ser rico... É apenas poder
fazer o que se deseja. . .

Nessa eterna e dura lida
renasço a cada momento
lavando as dores da vida
no rio do esquecimento...

Onde o sonhar de outra idade?
A fé que tive, e perdi?
Hoje... chego a ter saudade
daquele ... que já morri...

(Poema de JG de Araujo Jorge
do livro – Cantiga do Só – 1964)
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segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Livro O Eu Profundo e Outros Eus


Fernando Pessoa

Fernando Pessoa é indescritível
Seu ser passa de um para outro
De outro para um.
Sua personalidade?
Uma incógnita, perdida nos seus eus
Sua vida?... Solidão...
Entre cafés e tabaco
Criou homens imaginários
Com perfeita personalidade e crítica
Se sou eu?
Não sei...
Talvez respondesse o grande mestre,
... Mas estou perdido entre tantos eus
Que não são ninguém.

Aline C. Costa

Download:

http://www.mediafire.com/?mmzyyjznzt2

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Livro As Primaveras - Casimiro de Abreu

Amor e Medo

Quando eu te vejo e me desvio cauto
Da luz de fogo que te cerca, ó bela,
Contigo dizes, suspirando amores:
"Meu Deus! que gelo, que frieza aquela!"

Como te enganas! meu amor, é chama
Que se alimenta no voraz segredo,
E se te fujo é que te adoro louco...
És bela — eu moço; tens amor, eu — medo...

Tenho medo de mim, de ti, de tudo,
Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes.
Das folhas secas, do chorar das fontes,
Das horas longas a correr velozes.

O véu da noite me atormenta em dores
A luz da aurora me enternece os seios,
E ao vento fresco do cair cias tardes,
Eu me estremece de cruéis receios.

É que esse vento que na várzea — ao longe,
Do colmo o fumo caprichoso ondeia,
Soprando um dia tornaria incêndio
A chama viva que teu riso ateia!

Ai! se abrasado crepitasse o cedro,
Cedendo ao raio que a tormenta envia:
Diz: — que seria da plantinha humilde,
Que à sombra dela tão feliz crescia?

A labareda que se enrosca ao tronco
Torrara a planta qual queimara o galho
E a pobre nunca reviver pudera.
Chovesse embora paternal orvalho!

Ai! se te visse no calor da sesta,
A mão tremente no calor das tuas,
Amarrotado o teu vestido branco,
Soltos cabelos nas espáduas nuas! ...

Ai! se eu te visse, Madalena pura,
Sobre o veludo reclinada a meio,
Olhos cerrados na volúpia doce,
Os braços frouxos — palpitante o seio!...

Ai! se eu te visse em languidez sublime,
Na face as rosas virginais do pejo,
Trêmula a fala, a protestar baixinho...
Vermelha a boca, soluçando um beijo!...

Diz: — que seria da pureza de anjo,
Das vestes alvas, do candor das asas?
Tu te queimaras, a pisar descalça,
Criança louca — sobre um chão de brasas!

No fogo vivo eu me abrasara inteiro!
Ébrio e sedento na fugaz vertigem,
Vil, machucara com meu dedo impuro
As pobres flores da grinalda virgem!

Vampiro infame, eu sorveria em beijos
Toda a inocência que teu lábio encerra,
E tu serias no lascivo abraço,
Anjo enlodado nos pauis da terra.

Depois... desperta no febril delírio,
— Olhos pisados — como um vão lamento,
Tu perguntaras: que é da minha coroa?...
Eu te diria: desfolhou-a o vento!...

Oh! não me chames coração de gelo!
Bem vês: traí-me no fatal segredo.
Se de ti fujo é que te adoro e muito!
És bela — eu moço; tens amor, eu — medo!...
Quer ler mais poemas assim? Faça o Download do Livro!!!
Download:
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domingo, 18 de janeiro de 2009

Amigo.... Jussara Alves




Você que sempre me ouve
Mesmo que eu nada tenha a lhe dizer
Você que sempre me fala
Tudo que realmente preciso ouvir
Mesmo que nem sempre adoce as palavras
Você que me vê por inteira
Corpo, alma e sentimento
Que entendes meus ois e olás
Percebendo se estou a rir ou a chorar
Que respeita o meu silêncio
Tentando sempre quebrá-lo com um sorriso
Você que não tem tempo nem pra si próprio
Mas pra mim tem todo tempo do mundo
Que não me economiza seus elogios
Que acha graça nas minhas caretas e denguinhos
Que me valoriza cada palavra
Mesmo que essas rasguem seu peito
Que se aflige com meus lamentos
E se alegra com minha felicidade
És um anjo onipresente em minha vida
Que cumpre brilhantemente a missão de fazer-me sentir tão bem
Desejo profundamente um dia conseguir retribuir pelo menos em parte
Tudo que fazes e proporcionas a mim
Nem que seja afogando-te com meus abraços...

sábado, 17 de janeiro de 2009

O Poço - Pablo Neruda



Cais, às vezes, afundas
em teu fosso de silêncio,
em teu abismo de orgulhosa cólera,
e mal consegues
voltar, trazendo restos
do que achaste
pelas profunduras da tua existência.

Meu amor, o que encontras
em teu poço fechado?
Algas, pântanos, rochas?
O que vês, de olhos cegos,
rancorosa e ferida?

Não acharás, amor,
no poço em que cais
o que na altura guardo para ti:
um ramo de jasmins todo orvalhado,
um beijo mais profundo que esse abismo.

Não me temas, não caias
de novo em teu rancor.
Sacode a minha palavra que te veio ferir
e deixa que ela voe pela janela aberta.
Ela voltará a ferir-me
sem que tu a dirijas,
porque foi carregada com um instante duro
e esse instante será desarmado em meu peito.

Radiosa me sorri
se minha boca fere.
Não sou um pastor doce
como em contos de fadas,
mas um lenhador que comparte contigo
terras, vento e espinhos das montanhas.

Dá-me amor, me sorri
e me ajuda a ser bom.
Não te firas em mim, seria inútil,
não me firas a mim porque te feres.

....

Querer - Pablo Neruda




Não te quero senão porque te quero
E de querer-te a não querer-te chego
E de esperar-te quando não te espero
Passa meu coração do frio ao fogo.
Te quero só porque a ti te quero,
Te odeio sem fim, e odiando-te rogo,
E a medida de meu amor viageiro
É não ver-te e amar-te como um cego.
Talvez consumirá a luz de janeiro
Seu raio cruel, meu coração inteiro,
Roubando-me a chave do sossego.
Nesta história só eu morro
E morrerei de amor porque te quero,
Porque te quero, amor, a sangue e a fogo.

...

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Infância - Aline C. Costa


As memórias falham-me quando penso em minha infância;
mais precisamente junto a meu pai.
Lembro-me em lampejos de quando ele me ensinava a assoviar
e ria dos meus sussurros inaudíveis e a cusparada que saía de minha boca.
Tanto tentei na minha solidão de menina, até conseguir e com isso ser motivo de orgulho... Ai sim, cantarolávamos músicas sertanejas, que ele sempre dizia estarem destoadas.
Ainda em minha falha memória, lembro-me dos beliscões,
estes eu odiava, vinha ele com aquele dedão enorme apertando minha barriga, rindo pensando estar fazendo cócegas, e eu sorria pensando na vermelhidão da minha pele no dia seguinte.
Eram bons os tempos de menina....
Fazíamos tijolos, massa de paredes, coávamos areia, capinávamos o quintal...
Estas coisas que pai faz com filho, mas na falta de um menino macho,
cabia a mim fazê-lo. E eu fazia com amor.
Também lembro dos xingamentos, da braveza, do tontear que a bebida lhe causava...
Mas hoje são apenas memórias...
E me é tão triste, perceber que a minha é falha e fraca.
Mas mesmo assim ainda me recordo das aulas de dança.
Ele chegava a cambalear, já no ritmo. Colocava seus vinis em uma vitrola velha.
e dançávamos tango, bolero e sertanejo...
Algumas vezes ele me segurava, noutras eu o apoiava,
e assim passou o tempo, ele me segurando, eu o apoiando.
Nessa troca afetiva paterna e eterna.

Saudades - Jussara Alves


Quantas saudades
daquilo que eu nunca tive.
Que falta me faz
as palavras que eu nem ouvi.
Ah que suave lembrança
dos momentos que eu não vivi.
Nostalgia tão letal quanto deliciosa
de emoções que eu sequer senti.
Doce pesar da ausência
daquele que eu nunca vi.
Recordações amargamente adocicadas
dos beijos que jamais recebi.
Um leve desejo avassalador
de voltar a possuir
os sussurros ouvidos em tempo nenhum.
Um querer novamente
os toques não sentidos em minha pele
as carícias de ti não obtidas
os abraços de nunca mais.
Um brinde à essa cascata nostálgica
na qual meu corpo se deixa banhar...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Livro A Mensageira Violeta -Florbela Espanca


CRISÂNTEMOS

Sombrios mensageiros das violetas,
De longas e revoltas cabeleiras;
Brancos, sois o casto olhar das virgens
Pálidas que ao luar, sonham nas eiras.
Vermelhos, gargalhadas triunfantes,
Lábios quentes de sonhos e desejos,
Carícias sensuais d´amor e gozo;
Crisântemos de sangue, vós sois beijos!
Os amarelos riem amarguras,
Os roxos dizem prantos e torturas,
Há-os também cor de fogo, sensuais...
Eu amo os crisântemos misteriosos
Por serem lindos, tristes e mimosos,
Por ser a flor de que tu gostas mais!


Quer ler mais poeisia da Florbela? Click no Link abaixo:


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quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Livro Sonetos Camões


“De Luís de Camões sabemos pouco, é certo, mas sabemos o suficiente para se não poder fazer dele outro modelo que não seja de singularidade. Pois em que padrão poderia transformar-se um homem que não estudou leis, não teve modo de vida conhecido, não levou nenhuma dama à igreja, não contribuiu para o aumento da população, não pertenceu a qualquer confraria, e cuja vida é capaz de ter sido mesmo das mais desgraçadas que jamais a qualquer português letrado coube em sorte? Camões, se modelo é, convenhamos que é apenas modelo de poesia e de liberdade — e isso basta.”

Eugénio de Andrade, “Quem celebra quem” in Camões, nº1, Agosto de 1980, Ed. Caminho
(Comemorações do 4º Centenário da Morte de Camões)

O que é Soneto?

O soneto é um poema lírico composto na maioria das vezes de catorze versos distribuídos em dois quartetos e dois tercetos, obedecendo a regras restritas quanto à disposição das rimas. Sua forma regular, simétrica e restritiva favorece a precisão, a concisão e a sugestão (Baudelaire: "Parce que la forme est contraignante, l'idée jaillit plus intense" – Por causa da forma restritiva, a idéia faz-se mais intensa); ela impede o poeta de ceder às liberdades do lirismo. A rima e o movimento das estrofes permitem jogos de antíteses e de metáforas que exprimem as tensões – a complexidade da vida interior do poeta. O soneto é então caracterizado por uma forte coerência interna. Em outras palavras, ele permite uma concordância perfeita entre forma e conteúdo.
Desde Petrarca, o soneto vem sendo quase sempre prestigiado. Ele constitui sem dúvida o gênero literário mais praticado no Ocidente durante os últimos cinco séculos (estima-se em 45000 o número de sonetos que foram publicados na França, apenas no século XVI).
Muitos dos grandes escritores da literatura universal fizeram sonetos. No entanto, nenhum poeta praticou este gênero literário de uma maneira exclusiva. A extraordinária popularidade do soneto deve-se em parte à sua forma fixa, que faz dele um molde conveniente para poetas sem inspiração. Ele tem sido usado muitas vezes para poemas de ocasião.
O soneto é endereçado a um público restrito, capaz de apreciar as riquezas e as nuances dos versos e da rima; é um gênero nobre. Isso justifica o fato dos sonetistas terem sido formados, durante muito tempo, por poetas da corte e dos castelos (no século XVII, eles eram muito populares nos salões).
O soneto teve grande importância na definição de uma nova poesia na França no Renascimento (com a Plêiade) e especialmente no século XIX. Baudelaire e seus seguidores Verlaine, Mallarmé e Rimbaud re-introduziram na poesia o soneto que o Século das Luzes tinha ofuscado, fazendo-o passar por transformações importantes (deslocamento dos versos e novo posicionamento de rimas) com o objetivo de exprimir uma nova concepção do mundo.
Apesar das variações no posicionamento das rimas e das estrofes, o soneto tem conservado praticamente a mesma forma através dos séculos. Seu conteúdo, no entanto, apresenta uma grande diversidade: o soneto é na maioria das vezes sentimental (é um atestado que exprime o estado do coração de um indivíduo), mas ele pode também ser satírico, político, moral, religioso, realista, burlesco. Dois grandes momentos do soneto: o Renascimento, com os poetas da Plêiade, e o século XIX, de Baudelaire a Mallarmé, depois de aproximadamente dois séculos de


Sobre as Poesias de Clarice Lispector.


Observações importantes:

Como Clarice Lispector nao escrevia poesia, até aonde eu sei, um Padre pegou fragmentos dos seus livros e com esse material em mãos conseguiu fazer uma releitura poética de seus contos, isso foi possível somente porque a escrita da Clarice é poética, mesmo que muito densa. E diga-se de passagem, este Padre merece meus humildes parabéns porque as poesias ficaram maravilhosas....


A fonte dos poemas de Clarice:

1. “Dá-me tua mão”, in: A Paixão segundo GH, 8. ed, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1979, p. 94

2. “A Perfeição”, in: A Descoberta do Mundo, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984, p. 226

3. “Mas há a Vida”, in: A Descoberta do Mundo, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984, p. 539

4. “Amor à Terra”, in: A Descoberta do Mundo, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984, p. 302

5. “Meu Deus, me dê a coragem..”, in: Um Sopro de Vida, 4. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1978, pp. 154-155

6. “A Lucidez Perigosa”, in: A Descoberta do Mundo, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984, p. 636

7. “Nossa Truculência”, in: A Descoberta do Mundo, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1984, p. 386

8. “Estrela Perigosa”, in: BORELLI, Olga. Clarice Lispector – Esboço para um possível retrato. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1981, p. 82

9. “Quero escrever o borrão vermelho de sangue”, in: BORELLI, Olga. Clarice Lispector – Esboço para um possível retrato. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1981, p. 65


As poesias foram retiradas do site: http://www.secrel.com.br/jpoesia/cli.html

Estrela Perigosa - Clarice Lispector



Estrela perigosa
Rosto ao vento
Marulho e silêncio
leve porcelana
templo submerso
trigo e vinho
tristeza de coisa vivida
árvores já floresceram
o sal trazido pelo vento
conhecimento por encantação
esqueleto de idéias
ora pro nobis
Decompor a luz
mistério de estrelas
paixão pela exatidão
caça aos vagalumes.
Vagalume é como orvalho
Diálogos que disfarçam conflitos por explodir
Ela pode ser venenosa como às vezes o cogumelo é.

No obscuro erotismo de vida cheia
nodosas raízes.
Missa negra, feiticeiros.
Na proximidade de fontes,
lagos e cachoeiras
braços e pernas e olhos,
todos mortos se misturam e clamam por vida.
Sinto a falta dele
como se me faltasse um dente na frente:
excrucitante.
Que medo alegre,
o de te esperar.

O Dia em que a Terra Parou - Raul Seixas




Uma releitura da música e do filme O Dia em que a Terra Parou, em uma nova perspectiva para fim do mundo, com explosões atômicas, naves espaciais, e alienigenas... Lembrando sempre que quem vai destruir a Terra seremos nós mesmos, os humanos. Com nossa ignorância e cobiça.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Pensar Deus - Aline C. Costa


“Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,
Por isso se nos não mostrou..."

Por mais que o nosso poeta do coração queira na abstração de suas palavras dizer-nos algo, ainda em nossa mente fica uma incógnita infinita. Conhecemos Deus?
Sabemos ao certo se existe Deus?
Na verdade, não sendo verdade de nada, porque não podemos ditar verdades,
Deus tem sua forma, cor, sentidos, afetos distintos para cada ser humano,
quando dissemos que ele é único e igual para todos, discordo...
Ele é aquilo que queiramos que ele seja, e seja feita à nossa vontade.
Existe o Deus dos aflitos,
o Deus dos alcoólatras,
aquele que quer ser adorado,
ou aquele que também quer ser esquecido.
Cada um de uma maneira diferente, sente Deus,
e o não sentir, também é senti-lo, porque o sentimento da não presença,
presença é.
Existe o Deus Cristão, do novo ao velho testamento,
O Deus punitivo e o misericordioso,
Existe o Deus mulçumano, islâmico, budista, taoista, espírita etc...
Mas sempre Ele com aquela intromissão habitual está lá,
porque quando entramos em contado com o sagrado,
mesmo que para nós o sagrado seja a seiva da relva, ele ali está...
Deus está vivo e morto em cada um de nós,
Há dias que ele morre por completo,
noutro renasce forte e onipresente...
Mas será mesmo que pensar em Deus é desobedecê-lo?
Será que Ele realmente não queria se fazer presente?
Tudo aquilo que nos foge a razão nos leva até Ele,
e tudo aquilo que racionalmente descobrimos, indiretamente mesmo não acreditando
também nos encaminha para o sagrado...
Mas o que é o sagrado?
Nascimento,
ar,
céu,
plantas,
o gato saltitando,
a sacola que baila ao bater do vento,
vida,
morte....
Pensando bem... Avaliando... Pensar em Deus é desobedecê-lo.
Porque pensamos desfragmentando - o
e Ele é o todo.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Meu Deus, me dê a coragem - Clarice Lispector


Meu Deus, me dê a coragem
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
o meu pecado de pensar.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Poemas Neoconcretos I - II Ferreira Gullar


Poemas Neoconcretos I

mar azul
mar azul marco azul
mar azul marco azul barco azul
mar azul marco azul barco azul arco azul
mar azul marco azul barco azul arco azul ar azul


Poemas Neoconcretos II

verde verde verde
verde verde verde
verde verde verde
verde verde verde erva
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Sina - Marcelo R. Dantas


Terceira negra afetação



Vestígios enlutados insertos
aleivosa arrogância traga meus quereres

pensamentos muliados escalam projetos
e errante anda meu amor tão submisso

com suarda, minha alma ainda exora
ascético é meu ímpeto à verdade

no cume da cocanha lucila minha sina


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Mamãe Oxum - Zeca Baleiro



Uma homenagem a essa cultura tão bem vinda e aceita no Brasil, que chegou junto com os negros nas expedições portuguesas, provando que um povo nao perde inteiramente sua identidade, mas a aprimora e a molda de acordo com as condições impostas...... Aos, cristãos, umbandistas, ao camdomblé e as kizumbas brasileiras..... Oxalá meu pai.......

Obs: Sábio é aquele que consegue respeitar a importância da cultura alheia, sem preconceitos ou dogmas.......

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Quousque tandem... Marcelo R. Dantas


Um enforcado me deu ar
E sua suspensão me deu chão,
Mas é em uma praia do futuro íntimo
Que arremesso todo o meu destino.
Lugar onde as montanhas pulsam
E o mar escorre em liberdade,
Pleno, vasto e infinito em si mesmo.

Minha mente contempla caleidoscópica
Um horizonte de alucinações reais,
Todas as dimensões fundidas em uma,
Aqui se extinguem os tempos frios
E se quebram os enigmas do cárcere.
Essa é a casa da minha alma!

Até quando serei errante?
Nômade em mim mesmo,
Isso é o que eu sou!
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Livro Antologia Poética - Antero de Quental


"Devido a perfeição técnica dos seus sonetos, Antero de Quental é considerado um dos melhores sonetistas portugueses, dividindo esse título apenas com Bocage e Camões."


Hino à Razão

Razão, irmã do Amor e da Justiça,
Mais uma vez escuta a minha prece.
É a voz dum coração que te apetece,
Duma alma livre, só a ti submissa.

Por ti é que a poeira movediça
De astros e sóis e mundos permanece;
E é por ti que a virtude prevalece,
E a flor do heroísmo medra e viça.

Por ti, na arena trágica, as nações
Buscam a liberdade, entre os clarões;
E os que olham o futuro e cismam, mudos,

Por ti, podem sofrer e não se abatem,
Mãe de filhos robustos, que combatem
Tendo o teu nome escrito em seus escudos!


Quer ler um pouco mais de Antero de Quental? Faça o Dowload no link abaixo:


Dowload:



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quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Fala - Secos e Molhados




Uma análise irreverente e interessante sobre a importância da psicanalise e como ela ege em nossas vidas... Uma releitura da música.... Muito bonito e ilustrado com pintores surrealistas....

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Canção do meu abandono - JG de Araujo Jorge


Não, depois de te amar não posso amar ninguém!
Que importa se as ruas estão cheias de mulheres esbanjando beleza e promessa ao alcance da mão?
Se tu já não me queres é funda e sem remédio a minha solidão.
Era tão fácil ser feliz quando tu estavas comigo!
Quantas vezes, sem motivo nenhum, ouvi o teu sorriso rindo feliz, como um guiso em tua boca?
E todo momento mesmo sem te beijar eu estava te beijando: com as mãos, com os olhos, com os pensamentos, numa ansiedade louca!
Nossos olhos, meu Deus! nossos olhos, os meus nos teus, os teus nos meus, se misturavam confundindo as cores ansiosos como olhos que se diziam adeus...
Não era adeus, no entanto, o que estava em teus olhos e nos meus, era êxtase, ventura, infinito langor, era uma estranha, uma esquisita, uma ansiosa mistura de ternura com ternura no mesmo olhar de amor!
Ainda ontem, cada instante era uma nova espera...
Deslumbramento, alegria exuberante e sem limite...
E de repente, de repente eu me sinto triste como um velho muro cheio de hera embora a luz do sol num delírio palpite!
Não, depois de te amar não posso amar ninguém!
Podia até morrer, se já não há belezas ignoradas quando inteira te despi, nem de alegrias incalculadas depois que te senti... Depois de te amar assim, como um deus, como um louco, nada me bastará, e se tudo é tão pouco... ... eu devia morrer...
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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A Busca.... Aline C. Costa


Procuro desesperadamente por poetas existencialistas.
Perderam a essência do abstrato ser?
Do abstrato que é a vida?

Procuro sem esperança por poetas...
Aqueles que escreviam suavemente no papel com sua caneta tinteiro,
palavras que tocavam o coração e faziam lágrimas reluzirem dos olhos.

Procuro por aqueles poetas,
que quando líamos, sentíamos aquela dor
e a dor lida era real, não aquelas que ele teve, mas as temos.

Procuro por poetas...
Poetas existenciais, que protestam, que gritam, que sofrem, que riem, que choram;
sem essa poesia comercial, esse tal best seller....

Procuro palavras,
símbolos, significados, significâncias...
Palavras que transcendem as palavras e se tornam únicas.
Como aquele anjo torto, ou nas magnânimas siderações...

Apenas procuro, porque essa luta de Titãs será em vão,
porque ainda existiram os críticos,
analizando, podando, escolhendo e rotulando...

E eu que de poesia nao entendo nada,
apenas procuro
e morro e renasço em cada verso que leio.

O Mundo é Pequeno - Luiz de Miranda


O mundo é pequeno,
não vai além de nossa casa.
A estrada e o aramado
vizinham mas nao se amam.
O silêncio morre
neste tapete de ausências
onde procuro o sono e a manhã.
O vinho é a esperança
onde escrevo e permaneço.

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"Rosa de Hiroshima"

Livro Poesia Reunida - Florbela Espanca


Mistério

Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.

Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.

Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…

Talvez um dia entenda o teu mistério…
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!

(in Antologia de poetas Alentejanos)
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Quer mais um pouco de Florbela abaixe o livro no link abaixo:
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Dowload:

http://www.mediafire.com/?wmnnyt22y1g

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